ATA DA
SEXAGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
NONA LEGISLATURA, EM 22.06.1987.
Aos vinte e
dois dias do mês de junho do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se,
na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto
Alegre, em sua Sexagésima Quinta Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa
Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur
Zanella, Auro Campani, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Cleom
Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla,
Ignácio Neis, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony,
Kenny Braga, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Nilton Comin, Paulo Satte,
Paulo Sant’Ana, Pedro Ruas, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Werner Becker,
Flávio Coulon e Hermes Dutra. Constatada a existência de “quorum”, o Sr.
Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou ao Ver. Nilton Comin que
procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à
leitura das Atas da Sexagésima Terceira Sessão Ordinária e Declaratória da
Sexagésima Quarta Sessão Ordinária e das Atas das Nona e Décima Sessões
Extraordinárias que, juntamente com a Ata Sexagésima Segunda Sessão Ordinária,
foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Adão Eliseu, 02
Indicações, sugerindo ao Sr. Governador do Estado a instituição de adicionais
de insalubridade e periculosidade nos serviços de Corpos de Bombeiros; a
criação de um destacamento policial para o Bairro Espírito Santo; 01 Emenda ao
Projeto de Lei do Legislativo n° 36/87 (proc. n° 1186/87), que autoriza o
Executivo Municipal a construir monumento comemorativo ao Sesquicentenário da
Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências; pelo
Ver. Caio Lustosa, 02 Pedidos de Providências, solicitando que seja realizado
imediato estudo global, com a adoção das medidas necessárias, sobre a possibilidade
de alteração de tráfego na Rua Barão do Gravataí, no sentido de fazê-la “mão
única” ao invés de “mão dupla”; que seja realizado imediato estudo global com
adoção das medidas necessárias, sobre a possibilidade de alteração do tráfego
na Rua Marcílio Dias, no sentido de fazê-la “mão única” ao invés de “mão dupla”
ou no sentido de colocação de um “quebra-mola” na altura do Colégio Nossa
Senhora de Lurdes, sito no n° 1201; 01 Projeto de Lei Complementar do
Legislativo n° 06/87 (proc. n° 1292/87),que altera o parágrafo 1° do artigo 233
da Lei Complementar n° 32, de 07 de janeiro de 1977, que fixa normas para a
elaboração e execução de instalações prediais de água e esgoto e dá outras
providências; 01 Substitutivo ao Projeto de Resolução n° 05/87 (proc. n° 707/87),
que denomina Sala Elis Regina o futuro espaço cultural do prédio próprio da
Câmara Municipal de Porto Alegre, onde hoje, provisoriamente, funciona o
Plenário desta Casa; pelo Ver. Flávio Coulon, 01 Projeto de Emenda à Lei
Orgânica n° 63/87 (proc. n° 1283/87), que estabelece critério para a fixação de
subsídios do Prefeito e do Vice-Prefeito e dá outras providências; pelo Ver.
Hermes Dutra, 01 Pedido de Providências, solicitando remoção de entulho
depositado no passeio da Rua Paulino Chaves, esquina da Rua São Francisco de
Assis; pelo Ver. Ignácio Neis, 01 Pedido de Providências, solicitando que seja
tapado buraco existente na Rua Lucas de Oliveira, em frente ao n° 2124: pelo
Ver. Jaques Machado, 01 Pedido de Providências, solicitando que seja podado cinamomo
na Rua Prof. Ivo Corseuil, defronte ao n° 111; 01 Indicação, sugerindo ao Sr.
Governador do Estado a instalação de um telefone público na Rua Prof. Ivo
Corseuil, ao lado do n° 42. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios n°s 13/87, do Sr.
Comandante da 3ª Região Militar; Ofícios n°s 13/87, do Sr. Comandante da 3ª
Região Militar; 43/87, do Sr. Chefe do Distrito de Operações da Embratel, RS;
28/87, do Sr. Presidente da Comissão de Inquérito constituída para apurar as
modificações apresentadas pela Planta da Cidade (proc. n° 568/87). A seguir, o
Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem dos Vereadores Getúlio Brizolla e
Werner Becker, acerca da vestimenta regimental dos Senhores Vereadores no
Plenário. Em prosseguimento, o Sr. Presidente deferiu os seguintes Requerimentos:
do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo n°
29/87 seja incluído na Ordem do Dia por força do art. 44 da Lei Orgânica
Municipal; do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando que o Projeto de Lei do
Legislativo n° 145/85, seja desarquivado e retomada ou renovada a sua
tramitação regimental; do Ver. Luiz Braz, solicitando que o Projeto de Lei do
Legislativo nº 39/87 seja retirado, nos termos do art. 146 do Regimento
Interno. Após, o Sr. Presidente informou que, a Requerimento, aprovado, do Ver.
Adão Eliseu, o período de GRANDE EXPEDIENTE desta Sessão seria dedicado a
homenagear o Dr. Rodrigo Alvarez Cambrás, em razão de sua visita ao Brasil e,
especialmente, à nossa Cidade, e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao
Plenário o homenageado. Compuseram a MESA: Ver. Brochado da Rocha, Presidente
da Câmara Municipal de Porto Alegre; Verª Teresinha Irigaray, 1ª
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Rodrigo Alvarez
Cambrás, homenageado; Ver. Jaques Machado, 3° Secretário da Casa. A seguir, o
Sr. Presidente concedeu a palavra ao Ver. Adão Eliseu que, em nome da Casa,
falou sobre as lutas dos povos latino-americanos na busca de um clima
democrático que permita um maior diálogo entre as Nações. Comentou as relações
diplomáticas existentes entre o Brasil e Cuba e o trabalho na área de saúde
realizado pelo Dr. Rodrigo Alvarez Cambrás em Cuba. Declarou ter dado entrada a
um Requerimento solicitando a outorga do título honorífico de Cidadão Emérito a
S. Sa. Atentou para a importância de um maior intercâmbio de informações nos
setores de saúde brasileiro e cubano, analisando o desenvolvimento observado na
área médica deste País. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Sr.
Rodrigo Alvarez Cambrás que agradeceu a homenagem prestada pela Casa e
discorreu sobre as relações políticas e culturais mantidas entre os povos
brasileiros e cubano. Em continuidade, o Sr. Presidente fez um pronunciamento
relativo à solenidade, convidou o homenageado a passar à Sala da Presidência e
suspendeu os trabalhos às quatorze horas e cinqüenta e seis minutos, nos termos
do art. 84, II do Regimento Interno. Às quinze horas, constatada a existência
de “quorum”, foram reabertos os trabalhos. A seguir, foi aprovado Requerimento
oral do Ver. Hermes Dutra, solicitando alteração na ordem dos trabalhos. Após,
o Sr. Presidente acolheu Questão de Ordem do Ver. Flávio Coulon, acerca da
tramitação regimental do Projeto de Lei Complementar do Executivo n° 18/86
(proc. n° 2680/86), que modifica a Lei Complementar n° 43, de 21 de julho de
1979, que institui o I Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano. Em PAUTA,
Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, Projeto de Emenda à Lei Orgânica
n° 62/87; Substitutivo do Ver. Nilton Comin ao Projeto de Lei do Legislativo n°
33/84; Projetos de Lei do Legislativo n°s 40; 28; 38; 33; 43; 36/87; Projeto de
Resolução n° 13/87; em 2ª Sessão, Projeto de Lei do Executivo n° 34/87; Projeto
de Lei do Legislativo n°s 34: 35; 37; 32/87; Projeto de Resolução n° 12/87; em 3ª
Sessão, Projetos de Lei do Executivo n°s 30; 32; 33/87; Projeto de Lei
Complementar do Legislativo n° 05/87; Projeto de Lei do Legislativo n° 89/86;
Projeto de Resolução n° 10/87. A seguir, constatada a existência de “quorum”,
foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Secreta, Urgência,
foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo n° 35/87, por vinte e sete votos SIM
contra dois votos NÃO, após ter sido discutido pelos Vereadores Getúlio
Brizolla, Caio Lustosa, Antonio Hohlfeldt, Kenny Braga e Pedro Ruas e tendo
sido escrutinados os Vereadores Jorge Goularte e Auro Campani. Em Discussão
Geral e Votação Secreta, Urgência, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo
n° 44/87, por trinta votos SIM, tendo sido escrutinadores os Vereadores Jorge Goularte
e Auro Campani. Em Discussão Geral e Votação, Urgência, foi aprovado o Projeto
de Decreto Legislativo n° 02/87, por vinte e sete votos SIM contra três votos
NÃO, com Declaração de Voto dos Vereadores Caio Lustosa, Antonio Hohlfeldt e
Jussara Cony, tendo sido discutido pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Artur
Zanella e Flávio Coulon e submetido à votação nominal a Requerimento oral,
aprovado, do Ver. Pedro Ruas. Na ocasião, foi rejeitado Requerimento oral do
Ver. Werner Becker, solicitando votação secreta para o Projeto de Decreto
Legislativo n° 02/87. Em Renovação de Votação, Secreta, foi aprovado o Projeto
de Lei do Legislativo n° 95/86, por vinte e cinco votos SIM contra quatro votos
NÃO, tendo sido escrutinadores os Vereadores Jorge Goularte e Kenny Braga. Em
Discussão Geral e Votação foram aprovados os Projetos de Lei do Executivo Geral
e Votação foram provados os Projetos de Lei do Executivo n°s 08/87, discutido
pelo Ver. Artur Zanella; 11/87. Durante a Ordem do Dia, o Sr. Presidente
registrou a presença, no Plenário do Ver. Rodolfo Rosso, da Junta Governamental
de Montevidéu, convidando S.Exa. a fazer parte da Mesa. Na ocasião, o Sr.
Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Bernadete Vidal, acerca
da necessidade de que o Vereador da Tribuna se atenha a matéria em discussão;
Kenny Braga e Clóvis Brum, acerca dos aumentos salariais percebidos pelo Pref.
Alceu Collares desde sua posse à frente do Executivo Municipal. Ainda, foram
aprovados os seguintes Requerimento: do Ver. Aranha Filho, de Votos de Pesar
pelos falecimentos de Milton Krause; Dora Mostardeiro Bonow; Newton Silveira
Alvim; Eurípedes Monteiro Duarte; da Verª Bernadete Vidal, solicitando que o
Projeto de Lei do Legislativo n° 33/87, seja considerado em regime de urgência
e submetido à reunião conjunta das Comissões de Justiça e Redação, de
Urbanização, Transportes e Habitação, de Economia e Defesa do Consumidor e de
Finanças e orçamento; do Ver. Brochado da Rocha, solicitando que o Projeto de
Lei do Executivo n° 35/87; Projeto de Decreto Legislativo n° 02/87; Projeto de
Lei do Legislativo n° 44/87, sejam dispensados de distribuição em avulsos e
interstícios para suas Redações Finais, considerando-as aprovadas nesta data;
do Ver. Cleom Guatimozim, de Voto de Pesar pelo falecimento do Inspetor de
Polícia Jairo Scheineider Bearzi, solicitando que os Projetos de Lei do
Executivo n°s 11; 08/87, sejam dispensados de distribuição em avulsos e
interstícios para suas Redações Finais, considerando-as aprovadas nesta data;
do Ver. Isaac Ainhorn, de Voto de Pesar pelo falecimento de Dario Breton; do
Ver. Jorge Goularte, de Votos de Pesar pelos falecimentos de Idalino Moreira;
“Idalino de Ogum”; Alfredo Gomes Jardim; Pedro Ruy Borges, encaminhado à
votação pelo Autor e pelo Ver. Werner Becker, solicitando que o Projeto de Lei
do Legislativo n° 43/87 seja considerado em regime de urgência; do Ver. Luiz
Braz, de Votos de Pesar pelos falecimentos de Vitor Viegas dos Santos; Gladis
Nunes Mazzoni; da Verª Teresinha Irigaray, solicitando que o Projeto de Lei do
Legislativo n° 95/86, seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício
para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Ainda, foram
deferidos, pelo Sr. Presidente, os seguintes Requerimentos do Ver. Cleom
Guatimozim, solicitando que os Projetos de Lei Complementar do Executivo n°s
18; 19/86, sejam incluídos na Ordem do Dia por força do art. 44 da Lei Orgânica
Municipal. A seguir, foi solicitada verificação de “quorum” pelo Ver. Getúlio
Brizolla. Os trabalhos foram prorrogados nos termos do “caput” do art. 85 a
proposta, aprovada, do Sr. Presidente. Constatada a inexistência de “quorum”, o
Sr. Presidente levantou os trabalhos às dezoito horas e quinze minutos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha,
Teresinha Irigaray e Luiz Braz e secretariados pelos Vereadores Frederico
Barbosa, Jaques Machado, Luiz Braz e Jorge Goularte, os dois últimos como
Secretários “ad hoc”. Do que eu, Frederico Barbosa, 2° Secretário, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada pelos Senhores Presidente e 1° Secretária.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria de que a Casa tomasse conhecimento e
providências, porque acharam que eu estava sem gravata. Eu estou de gravata!
Gostaria de que a Mesa chamasse a imprensa para me bater uma foto de gravata.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, me parece que há uma regra antiga, desde o direito latino:
Quando se pode mais, se pode menos. Gola rolê está acima da gravata. Entendo
que quando o Regimento Interno diz gravata é, no mínimo, gravata. Então,
estando o Vereador vestindo gola rolê, ele satisfaz perfeitamente os requisitos
do Regimento Interno.
O SR. JORGE GOULARTE: Eu acho isso muito
importante, acho que se deve suspender a Sessão para tratar disto.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Nós moramos numa terra gaúcha. Então, toda aquela pessoa que não tem
aquele sentimento de Getúlio Brizolla tem, que não goza a verdade do Rio
Grande, eu não entendo, porque se alguém não gosta do Rio Grande, eu gosto do
Rio Grande. Eu sou um Rio Grande que produz, que trabalha, mas sou gaúcho. Sou
um homem que me orgulho disto. Quero agradecer à Mesa por esta grande
oportunidade. O meu colega, meu amigo, Ver. Werner Becker, ele não sonhou com o
Rio Grande. Ele está mentindo que nasceu no Rio Grande. Agora, eu sou um
caudilho do Rio Grande e luto pelas nossas coisas. Agradeço à Casa por ter me
dado uma oportunidade de poder colocar uma verdade: que gaúcho não dobra a
perna; gaúcho é gaúcho.
O SR. CLOVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, como há um requerimento do Ver. Adão Eliseu para homenagear um
ilustre visitante e como parece-me que ele acaba de chegar, eu pediria à Mesa
para que se concretizasse o mais rápido possível a inversão do Grande
Expediente em razão do Requerimento e não pela inversão da Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Eu entendo, Vereador. V.Exa. pede que se realize a homenagem prevista e, após,
V.Exa. encaminha uma votação para que, posteriormente, se inverta a Ordem do
Dia. É isto?
O SR. CLÓVIS BRUM: Não rigorosamente, porque,
concluída a homenagem, está liquidado o Grande Expediente. Eu iria formular,
mas não faço mais este Requerimento.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa solicita às
Lideranças que introduzam o homenageado no Plenário.
(O convidado dá entrada no Plenário.)
Passamos ao período de
Hoje, por Requerimento do Ver. Adão Eliseu, foi reservado para
homenagear o Dr. Rodrigo Alvarez Cambrás, em razão de sua visita ao Brasil,
especialmente à nossa Cidade.
O Ver. Adão Eliseu falará em nome de todas as Bancadas com assento
nesta Casa. Com a palavra, o Ver. Adão Eliseu.
O SR. ADÃO ELISEU: Exmo. Sr. Ver. Brochado da
Rocha, M.D. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Exmo. Srs.
Vereadores, Dr. Rodrigo Alvarez Cambrás, Senhores acompanhantes do Professor,
Senhoras e Senhores. Houve um momento em nosso País, houve um momento na
América Latina em que nós, membros dos países subdesenvolvidos, integrantes do
Terceiro Mundo ficamos inibidos pela força do imperialismo internacional,
especialmente da América do Norte, não proibidos, mas inibidos em estar em
contato como nossos irmãos da Ilha de Cuba. Hoje a situação está um pouco
melhor, já nos é possível receber nesta Casa, onde se inicia um trabalho de
reconhecimento, e que estamos em busca de uma democracia onde todos nós, todos
latino-americanos e todos os povos do mundo possam se confraternizar, possam
dialogar, possam debater seus problemas regionais e seus problemas comuns e até
seus problemas particulares, é para nós motivo de agradecimento a todos
Vereadores integrantes de todas Bancadas que concordaram de pronto emprestarmos
esta homenagem a tão importante figura das ciências médicas cubanas.
É por solicitação do Dr. Tito Benedito Chacon Gonzales, meu particular
amigo, brasileiro naturalizado, nascido em Potoci, Bolívia, graduado em
Medicina pela Universidade Federal de Santa Maria, solicitamos a esta Casa
fosse concedido o título de Cidadão Emérito ao Professor Dr. CM. Rodrigo
Alavarez Cambrás, natural de Havana, Cuba, onde exerce sua profissão. Ocorre
que, em razão de termos feito o requerimento muito próximo da data em que S.Sª
viria ao Brasil, não foi possível aprová-lo em plenário em tempo hábil, tendo
em vista as exigências do Regimento Interno e que se referem a data escolhia
por nós para a concessão o título. Por essa razão e para que a passagem de tão
importante figura da ciência médica cubana não passasse despercebida pelos
poderes municipais resolvemos, através de Requerimento aprovado pelos
Vereadores que integram este Legislativo, dedicar o Grande Expediente desta
Sessão à presença do Dr. Rodrigo, enquanto o título de Cidadão Emérito continua
a sua tramitação que por certo, a Câmara aprovará e lhe será remetido através
da Embaixada Cubana.
O Dr. Rodrigo Cambrás vem ao nosso País a convite do Dr. Teodomiro
Xavier, Diretor do Serviço de Traumatologia do Hospital Cristo Redentor, da
Associação Médica do RGS e patrocinado pela fábrica de instrumental cirúrgico
Baumer, aos quais devemos tão importante visita.
O Dr. Rodrigo, durante sua estada no Rio Grande do Sul, dará um curso
prático-teórico e utilização de um aparelho inventado por ele mesmo cujo nome é
Distrator-fixador externo de Cambrás, para Traumatologia.
Nosso homenageado é o Doutor em
Ciências Médicas, Professor de Ortopedia e Traumatologia na Universidade de
Havana; Presidente da Sociedade Cubana de Ortopedia e Traumatologia; Decano da
Escola Ibero-Americana de Ortopedia e Traumatologia da Organização
Ibero-Americana de Seguridade Social e Diretor do Hospital Ortopédico Docente
“Frank Aìs”, de Havana.
A importância desta estada do Dr. Rodrigo entre nós reside no fato de o
mesmo ser uma das grandes figuras das Ciências Médicas em seu país e por ele
ser um dos grandes responsáveis por um sistema médico que ostenta, hoje, o
título de um dos mais avançados do mundo em matéria de assistência médica,
principalmente no que diz respeito à medicina preventiva.
Para se ter uma idéia, Cuba 15 anos depois de ter iniciado a reforma
dos serviços de saúde, investe hoje mais de 4 bilhões de cruzados nesse setor.
Com isso, a taxa de mortalidade infantil foi reduzida a 27, 4 por mil
nascimentos (a mais baixa da América Latina e inferior até a algumas regiões
dos Estados Unidos, conforme dados da ONU) nos últimos dez anos, houve apenas
um caso de poliomielite no país; a tuberculose infantil, a malária, a difteria
e o tétano foram erradicadas, nos partos, a mortalidade materna foi reduzida a
50 por 100 mil bebês nascidos vivos.
Hoje Cuba tem mais de 8.000 médicos. O conjunto de instalações do
Ministério da Saúde atualmente é de cerca de 3.200 unidades; 250 hospitais, 330
policlínicas, 400 postos médicos e 2.200 laboratórios e análises e de produção
de medicamentos. O País formou, de 1958 a 1973, 45 mil enfermeiras
(especializadas em clínica geral, obstetrícia e pediatria), técnicos em
odontologia, em raio X e em farmácia.
O atendimento médico é gratuito para todos, desde a medicina simples
até a cirurgia mais sofisticada (tais como transplantes de órgãos, etc.) Há o
médico familiar que trata dos problemas de saúde de um determinado grupo de
família que constituam um bairro ou parte dele. O maior investimento do
governo, na saúde pública, está na medicina preventiva como forma de se
precaver os males das doenças e como forma de economia.
Em Cuba não existe medicina privada, semi-privada ou mista. Todas as
pessoas que militam na medicina percebem salário compatíveis com as
necessidades primordiais do profissional. O aprimoramento profissional é
permanente. Estes, senhores Vereadores, são alguns dados relacionados sobre a
importância que o governo cubano dá a ciência médica em benefício da população.
São pouco mais de 10 mil almas que, aos poucos, vão superando as dificuldades
próprias de seu país rodeado pelo imperialismo econômico e político, por todos
os lados. Esse avanço, apesar desse bloqueio a que foi submetido, hoje se
reflete em outras atividades do povo cubano tais como na cultura especialmente
esporte. Só o pratica quem tem saúde mental e saúde física. Apesar do bloqueio,
Dr. Rodrigo, nós sabemos que, em seu país, o esporte também ocupa lugar de
destaque, tendo em vista aperfeiçoamento mental e físico de seu povo. Lá cubano
é levado à saudável prática de esportes desde a tenra idade, até atingir a
equipe nacional.
Assim é Cuba de nossos dias, Srs. Vereadores, em matéria médica, cujo
avanço coloca-a as nações mais bem aparelhadas da terra. E o Dr. Rodrigo que
vem da terra de José Marti, nos traz um pouco de sua cultura médica aos médicos
rio-grandenses e brasileiros, numa demonstração de solidariedade profissional e
humana para com nosso povo porque, em última análise, os conhecimentos
usufruídos por nossos médicos com a presença de V.Sa. serão usados em benefício
de nossa população, especialmente de nossa população mais pobre e mais
necessitada.
Agradecemos aos Vereadores da Casa do Povo de Porto Alegre por haverem
concordado em prestarmos essa homenagem a tão importante figura do mundo
científico cubano, cujo caldeirão étnico é muito semelhante ao nosso, o do povo
brasileiro.
Agradecemos a oportunidade que o Dr. Teodomiro Xavier nos proporcionou
trazendo o Dr. Rodrigo Cambrás a Porto Alegre.
Estamos, Dr. Rodrigo, falando em nome de vários partidos com assento
nesta Casa, tendo em vista a exigüidade do tempo de V.Sa. e a exigüidade do
tempo dos Vereadores que hoje vão procurar discutir e votar um projeto que vem
beneficiar os funcionários da Prefeitura, da Intendência Municipal. Irá
especialmente favorecer os trabalhadores menos aquinhoados do nosso Município,
de nossa Prefeitura Municipal.
Ficamos, aqui, torcendo Dr. Rodrigo, V.Exa. pode não sentir o significado
dessa palavra, mas fazendo um esforço mental para que o senhor, que o seu país
supere os obstáculos, que um país socialista deve enfrentar e enfrenta, quando
está contido num continente capitalista.
Sigam em frente, com aconselharia José Marti, quando dizia: “para que
são os homens senão para olhar cara a cara a verdade e enfrentar o futuro, que
sempre se aproxima diante de nós?”
Estamos falando de vários partidos com assento nesta Casa, para os
quais também agradeço a gentileza de terem me delegado responsabilidade de
saudá-lo em nome deles. São eles: o PMDB, Partido do Movimento Democrático
Brasileiro; o PC do B, Partido Comunista do Brasil; O PCB, Partido Comunista
Brasileiro; o PFL, Partido da Frente Liberal; o PSB, Partido Socialista
Brasileiro; o PL, Partido Liberal; o PDS, Partido Democrático Social e me
parece que em nome do PT, Partido dos Trabalhadores.
Fizemos isso, Dr. Rodrigo Cambrás, para resumir sua estada nesta Casa,
não porque não queremos que V.Sa. e seus acompanhantes estivessem mais tempo
conosco para usufruirmos da sua presença tão amável, inteligente e capaz, mas
tendo em vista os seus compromissos conforme fomos avisados e os compromissos
desta Casa em benefício do povo brasileiro. Tenha uma feliz e profícua estada
dentre o povo porto-alegrense. Seja bem-vindo! Esteja em sua Casa. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra nosso
homenageado, Rodrigo Alvarez Cambrás.
O SR. RODRIGO ALVAREZ CAMBRÁS: S.Exa., Sr. Ver. Brochado da Rocha,
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Verª Teresinha Irigaray, lª,
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Ver. Jaques Machado, 3°
Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre; Ver. Adão Eliseu, proponente
desta homenagem; Exmos. Vereadores e membros desta Câmara Municipal. É para
nós, cidadãos cubanos, da Pátria de José Marti, um cientista cubano, uma
extraordinária honra receber esta proposição e esta homenagem nesta formosa
Cidade de Porto Alegre. Durante anos, mais de vinte anos, por motivos alheios
aos nossos povos, encontramos a República do Brasil e de Cuba separadas e
distanciadas sem contatos de nenhum tipo. Esses vinte anos mantiveram a
consciência nos povos de que todos somos cidadãos e irmãos desta grande Nação,
que é a América Latina. Em 1972, faz quinze anos, que se realizou um congresso
latino-americano de traumatologia no Brasil, junto com um grupo de ortopédicos
também cubanos e traumatólogos e não podemos entrar no país. Mas o tempo muda e
o povo se acerca, e cada dia mais nos sentimos mais unidos. Hoje, tenho a
satisfação de estar nesta formosa terra, com seu carinhoso povo, recebendo os
afetos de cientistas, de funcionários de Estados, de partidos políticos e de
trabalhadores que me fazem esta formosa homenagem que, modestamente, não creio
merecer. Trago uma mensagem do nosso povo em função dos laços de amizade e os
laços de colaboração científica no campo da Medicina e especialmente no campo
da Ortopedia e Traumatologia. Nos próximos dias, devemos começar amanhã,
realizaremos conferências, cursos, operações e intercambiaremos experiências
com os colegas ortopédicos brasileiros. Esperamos, também, poder receber, como
já se passou no recente Congresso Ortopédico 87, os traumatológos e ortopédicos
do Brasil, e especialmente de Porto Alegre, em nossa Pátria, em nossos
hospitais. Recebam os senhores, também, mensagem de afeto, mensagem de
colaboração, e queremos aprender também experiências dos científicos
brasileiros.
Esperamos que esta colaboração, que começa hoje em Porto Alegre, no campo
da Ortopedia e Traumatologia, procrie, floresça esta semente em função do bem
estar dos nossos povos, dos nossos trabalhadores e dos nossos cientistas.
A melhor forma de agradecer esta homenagem é dizer que a recebo em nome
do nosso povo, em nome do nosso povo trabalhador, em nome de outros cientistas,
de outros médicos, de outros trabalhadores da saúde. Sinto que esta merecida
homenagem a minha pessoa é uma merecida homenagem ao esforço dos trabalhadores
da saúde de nossa Pátria que há muitos anos têm se esforçado para levantar a
saúde do povo e brindar os nossos trabalhadores, com uma das melhores saúdes
públicas da América Latina e, quiçá do mundo.
Penso que trabalhamos em conjunto e que seguimos adiante desenvolvendo
as nossas Pátrias com colaboração na saúde e em outros aspectos da ciência e do
trabalho, para lograr, com este esforço, uma grande nação latino-americana ou
um poderoso grupo latino-americano, recordando, como disse José Marti, nosso
prócer nacional, que somos um mesmo povo, um mesmo punho, um mesmo coração, do
Rio Bravo até a Patagônia.
Quero, como homenagem e como recordação desta homenagem, entregar uma
placa ao Presidente desta Casa, Ver. Brochado da Rocha, na qual deixamos
escrito o nosso sentimento.
(Faz a entrega da placa ao Ver. Brochado da Rocha.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: Cabe-me, como Presidente da Câmara de Vereadores de
Porto Alegre, registrar a oportunidade do Requerimento que foi expresso pelo
Ver. Adão Eliseu, e transmitir ao homenageado nossa preocupação geral com destino
da América como um povo sofrido, e sobretudo com o problema da saúde, sempre
relegado a uma posição secundária, para nós, que temos uma renda per capita
muito baixa e sem termos uma política de saúde compatível com nossas
necessidades. O aspecto da saúde é alguma das coisas que nos envergonha em
nosso Continente. Leve S.Sa. não só o agradecimento por estar junto conosco,
mas sobretudo a certeza de que sua presença no Brasil e no Rio Grande do Sul
contribuirá em muito para que os brasileiros possam melhorar e dar um salto
qualitativo nos seus programas relativos à saúde. Sobretudo a amizade com
países da América nos é fundamental. Muito grato e mais uma vez repito que a
Casa se sente honrada com tão eminente figura do terreno científico-médico.
Muito obrigado por sua presença. (Palmas.) A Mesa suspende os trabalhos por 5
minutos.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h56min.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h): Havendo “quorum”, declaro
reabertas os trabalhos da presente Sessão.
O SR. HERMES DUTRA: Solicito a inversão da
ordem dos trabalhos.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
A seguir passaremos à
PAUTA
DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª. SESSÃO
PROC. 1266 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA N°
62/87, do
Ver. Flávio Coulon, que dispõe sobre o recesso das funções legislativas e dá
outras providências.
PROC. 0718/84 - SUBSTITUTIVO do Ver. Nilton Comin, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 33/84, de sua autoria, que dispõe
sobre a instalação de Casas de Banhos em áreas de propriedade do Município e dá
outras providências.
PROC. 1255 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 40/87, do Ver. Flávio Coulon, que
concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Professor Engenheiro
Eurico Trindade de Andrade Neves.
PROC. 1045 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N°
28//87, do
Ver. Rafael Santos, institui “passagem operária” nos serviços de transporte
coletivo explorados ou concedidos pelo Município.
PROC. 1235 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 38/87, do Ver. Adão Eliseu, que
declara de utilidade pública a Loja Simbólica Cidade de Porto Alegre nº 47.
PROC. 1166 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 33/87, da Verª Bernadete Vidal,
que altera o Artigo 1° da Li n° 4.255, de 30 de dezembro de 1976, e dá outras
providências.
PROC. 1293 - PROJTO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 43/87, da MESA que cria cargos e
função na Câmara Municipal de Porto Alegre dá outras providências.
PROC. 1186 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 36/87, do Ver. Hermes Dutra, que
autoriza o Executivo Municipal a construir monumento comemorativo ao
Sesquicentenário da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras
providências.
PROC. 1252 - PROJETO D RESOLUÇÃO N° 13/87, do Ver. Adão Eliseu, que
concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Doutor Rodrigo Alvarez
Cambrás.
2ª SESSÃO
PROC. 1229 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 34/87, que institui gratificação
por exercício de atividade no Hospital de Pronto Socorro e dá outras
providências.
PROC. 1167 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 34/87, do Ver Rafael Santos, que
denomina Rua Egon Renner um logradouro público.
PROC. 1168 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 35/87, do Ver. Rafael Santos, que
denomina Rua Engenheiro Homero Carlos Simon um logradouro público.
PROC. 1201 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 37/87,
do Ver.
Hermes Dutra, que denomina Rua Imeram Teixeira Cabeleira uma via pública.
PROC. 1169 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N° 12/87, do Ver. Rafael Santos, que
concede o prêmio literário “Érico Veríssimo” ao escritor rio-grandense Luiz
Antonio de Assis Brasil.
PROC. 1154 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 32/87, da Verª Teresinha Irigaray,
que regula o disposto no parágrafo único do artigo 100, da Lei Orgânica
Municipal.
3ª SESSÃO
PROC. 1072 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 30/87, que cria o Fundo Municipal,
para restauração, reforma, manutenção e animação do Mercado Público de Porto Alegre.
PROC. 1118 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO N° 05/87, do Ver. Hermes Dutra, que acrescenta parágrafo único ao artigo 9° da
Lei Complementar n° 7, de 07 de dezembro de 1973.
PROC. 1129 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 33/87, que cria o Sistema de
Atendimento ao Menor, autoriza a alienação de área e dá outras providências.
PROC. 2622 - PROJETO DE DO LEGISLATIVO N° 89/86, do Ver. Jorge Goularte, que
denomina Rua David Cherman um logradouro público.
PROC. 1128 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 32/87, que autoriza permuta de
imóvel e dá outras providências.
PROC. 1067 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N° 10/87, do Vereador Cleom Guatimozim,
que concede o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Doutor Luiz Matias Flach.
O SR. FLÁVIO COULON (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente. Lerei para constar nos Anais. (Lê.)
“Sr. Presidente, o Projeto de Lei Complementar do Executivo que
‘modifica a Lei Complementar n° 43, de 21 de julho de 1979, que institui o I
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano’ está correndo Puta, para discussão
preliminar.
Como se trata de projeto em reapresentação, ou reapreciação pela Casa,
uma vez esse Projeto tinha sido retirado, o ano passado, pelo Prefeito,
interpelo Vossa Excelência quanto ao cumprimento dos trâmites regimentais para
a Lei do Plano Diretor.
O Regimento determina, em seu art. 176, §§ 2° e 3º, que o projeto antes
da discussão, tem que ser publicado e aberto o prazo de 15 dias para sugestões
dos cidadãos. Estas exigências não estão sendo cumpridas nesta representação da
matéria.
Minha preocupação se justifica se considerarmos que esta ‘emenda’ ao
Plano, praticamente, o reformula: modifica 50 (cinqüenta) artigos que contêm
normas fundamentais ao sistema que a lei implantou - haja vista que interferem
no disciplinamento das Áreas de Interesse Ambiental; Áreas de Preservação
Permanente; Áreas de Interesse Paisagístico e Cultural; Regime Urbanístico do
Território do Município; Zonas de Uso do Solo; Uso do Solo Urbano nas Áreas de
Ocupação Intensiva; Pólos e Corredores de Comércio e Serviços; Controle de
Edificações; Índice de Aproveitamento de Construção; Taxa de Ocupação dos
Terrenos; Altura das Edificações; Recuos para Ajardinamento; Reserva de Índice
Construtivo; Parcelamento do Solo; Loteamentos; Fracionamento de Glebas;
Condomínios; Normas de Proteção à Paisagem Urbana; Área Central; Reforma de
Prédios Atingidos pelo Plano Diretor; Equipamentos de Lazer e Cultura;
Equipamentos de Abastecimento da População; e Construção de Garagens!
A solução desta questão é relevante, para os fins do art. 44 da Lei
Orgânica que - sem excepcionar as leis de codificação - impõe a inclusão na
Ordem do Dia de qualquer projeto que não tenha recebido parecer no prazo de
trinta dias!
Não é admissível que esse Projeto, que renova a Lei do Plano Diretor,
esteja sujeito à regra do art. 44 da Lei Orgânica, sem a exclusão dos prazos
que não pertencem à Câmara, mas à Cidade, e ao seu povo!
Requeiro seja dirimida a presente Questão de Ordem, Sr. Presidente,
para ressalvar responsabilidades futuras e firmar posição na votação da Emenda
ao Plano Diretor.
Incluso a este, um rol dos artigos que o Projeto contém, com a
respectiva norma que pretende modificar.
(a) Flávio Coulon”
O SR. PRESIDENTE: A Mesa solicita a V.Exa. que passe o documento a nós
para que seja estudado, independente de ser colocado nos Anais.
Não há oradores inscritos para discutir a Pauta.
A seguir, havendo “quorum”, passaremos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO - URGÊNCIA
VOTAÇÃO SECRETA - (Art. 116,
Inc. II, do Regimento Interno)
PROC. 1322 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 35/87, que concede aumento de
vencimento aos funcionários da Administração Centralizada e Autárquica do
Município e dá outras providências.
Parecer Conjunto
- da CJR, CFO e CUTHAB. Relator Geral, Ver. Isaac
Ainhorn: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, para
discutir, o Ver Getúlio Brizolla.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Funcionários da Casa, Srs. Visitantes que nos olham com carinho.
Vou registrar um grande sentimento meu. Quero registrar mais uma verdade - este
Getúlio Brizolla sempre registra uma verdade, não minto para ninguém. É
inacreditável como trabalhamos nesse último fim de semana. Através desta
Presidência de Geraldo Brochado da Rocha, que conseguiu fazer com três Países
se encontrassem para debater assuntos seus. Lamentavelmente, o Encontro não foi
valorizado por alguns Vereadores, inclusive do meu Partido. Mas foi muito
valorizado pelo PL, através do Ver. Jorge Goularte, e pelo Ver. Lauro Hagemann,
que é de outro Partido. Até aconteceu de pessoas virem só para o jantar - um
churrasco - e não vieram para trabalhar.
A Sra. Teresinha Irigaray: V.Exa. me permite um
aparte? (Assentimento do orador.) V.Exa. realmente diz verdades. Trabalhamos
muito nesta Casa, no fim de semana. Todos os funcionários da Casa trabalharam
muito. Especialmente os setores de Imprensa e Taquigrafia trabalharam para que
este Encontro fosse coroado de êxito. Mas, apesar de todo o trabalho do fim de
semana, V.Exa. está aí, na tribuna, em Pauta, defendendo o aumento dos
funcionários municipais. Admiro V.Exa., que trabalhou exaustivamente na sexta,
sábado e domingo e, na segunda-feira, já está na tribuna, em Pauta, defendendo
o aumento. V.Exa. tem meu apoio. V.Exa. é um batalhador: participou de um
Encontro e, na segunda-feira, em Pauta, dá apoio ao funcionalismo para os seus
20% de reajustes salariais. Admiro V.Exa. e me congratulo o com o
pronunciamento que V.Exa. está fazendo da tribuna, que mesmo trabalhando
exaustivamente no fim de semana está neste momento defendendo o aumento do
funcionalismo.
O SR. GETULIO BRIZOLLA: Agradeço o aparte. Sou
Vereador que luta pelo povo.
A Sra. Bernadete Vidal: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Queria entender o que V.Exa. está falando de quem não
trabalha e só vai na janta...
Acho que os funcionários da Prefeitura, realmente necessitam receber o
aumento, porque a inflação comeu o salário de todos, então estamos votando não
um aumento, é um reajuste, que não reajusta coisa nenhuma.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA: Continuo neste meu pouco
tempo. Quero colocar o que sou. Sou aquele piá mais honesto do Rio Grande.
Agora não gosto de sacanagem, por isso quero que aqueles Vereadores que não
compareceram neste grande evento não devem participar da moral do Getúlio
Brizolla. Pois, se elegem nas costas dos outros e vem mentir, na hora não fazem
nada.
O Sr. Mano José: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Acho que o momento é de discussão do aumento do
funcionalismo municipal. Não é propriamente um aumento, é um reajuste, ditado
pelas normas da legislação federal.
Acho que V.Exa. tem que se atear ao assunto, senão estaremos
transgredindo o Regimento Interno da Casa.
O SR. GETULIO BRIZOLLA: Agradeço o aparte de V.Exa.
E fico... Obrigado pela sua colocação. Agora, o meu sentimento de trabalho e de
luta é para que os trinta e três Vereadores trabalhem. Neste fim de semana vim
aprender coisas que eu não sabia. O Ver. Mano José não veio, não sei se ele
recebeu o convite, todos receberam.
O Sr. Mano José: Se V.Exa. quiser saber, eu
recebi o convite na quinta-feira. E tenho uma programação pessoal como Vereador
da Cidade e não deixarei de cumprir compromissos que já tinha assumido, para
estar aqui na reunião. Acho que V.Exa., ao fazer uma análise da tribuna, neste
momento em que se discute o aumento de vencimento dos funcionários, está muito
extemporâneo. Pediria, mais uma vez a V.Exa. e à direção da Casa, para que se
mantivesse, agora, no Regimento Interno, discutindo o aumento dos funcionários.
Quanto ao trabalho dos Srs. Vereadores, veja V.Exa. que está entrando num
terreno muito perigoso, quando quer analisar e criticar ou elogiar 33 Srs.
Vereadores, maiores de idade, senhores de si, e cada um com a consciência
nítida do que é ser Vereador desta Cidade.
O SR. GETULIO BRIZOLLA: Continuo aprendendo mais.
Ver. Mano José, com toda a referência da minha pessoa, falo com sentimento,
porque, hoje, estão todos aqui; agora, ontem, não tinha ninguém. Vou defender
esta tese que é muito minha. Isto é uma verdade. Eu sei o que eu ganho e sei
como trabalhar, mas se alguém guarda dinheiro nos fins de semana e vão dormir
nos colchões, eu vim trabalhar.
A Sra. Teresinha Irigaray: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, quero-me congratular com V.Exa. pelo
esforço que V.Exa. fez durante o fim de semana, ajudando a Casa, junto com os
outros Vereadores que participaram, todos os segmentos políticos desta Casa.
Acho que o momento foi de êxito para a Casa. Admiro V.Exa. que está aqui, hoje,
segunda-feira, lutando pelo aumento do funcionalismo. Acho que V.Exa. é um
lutador, foi brilhante no fim de semana, ajudando o Presidente da Casa e os
outros Vereadores, tenho certeza absoluta, assim como V.Exa. também tem que nem
não compareceu aqui é porque já tinha compromissos assumidos, anteriormente,
que não puderam desmanchar, como político que são.
Achamos que a Casa estava bem composta, tinha um número suficiente para
mostrar o trabalho, a liderança e a luta dos Vereadores de Porto Alegre.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA: Eu agradeço o aparte de
V.Exa. Para encerrar, Sr. Presidente, Brizolla nunca foi contra os funcionários
públicos. Brizolla continua sendo gente sempre, olhando para o povo. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIENTE: Com a palavra, o Ver. Caio
Lustosa.
O SR. CAIO LUSTOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, estamos, uma vez mais, diante de um pretenso Projeto de aumento de
vencimentos do funcionalismo municipal e, logo depois, iremos discutir e votar
um pretenso, também, aumento do funcionalismo desta Câmara mas, que, na
realidade, não chega a ser, sequer, uma reposição salarial, um reajuste, que,
ao menos, recupere um pouco para os trabalhadores o serviço público do
Município aquilo que vem perdendo, e não é de hoje, há muito tempo.
A questão dos salários e de vencimentos neste País é uma constante de
diminuição, de pauperização, aqueles que, como único capital, só dispõe das
suas forças físicas e intelectuais. Houve um arrocho terrível, sabemos, em 83,
em que o czar da economia e as finanças, hoje, até endeusado por alguns,
impingiu um arrocho salarial a toda população trabalhadora e sobre o
funcionalismo inclusive. E as políticas se sucedem, os Ministros são
substituídos, novos planos na área das finanças do País são apresentados; mas
uma constante existe: é a da contínua pauperização daqueles que trabalham,
daqueles que não vivem da locupletação através da especulação imobiliária,
financeira, ou outras. Agora mesmo, sabe-se que, com este último pacote, mais
um arrocho de, no mínimo, 30, 37%, estará recaindo sobre todos os
trabalhadores, sobre o funcionalismo, inclusive. É uma política suicida, ao
nosso ver, em todos os pólos - federal, estadual, ou municipal - em que se
congelam os ganhos do trabalho e se deixam os preços à solta, esperando tabelas
fictícias, ou impossíveis de equacionar e a pauperização vai, dia a dia,
agravando as condições de vida de todos os brasileiros.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Na semana passada, eu ouvi um companheiro do Partido
de V.Exa., Ver. Marcinho Medeiros, fazendo algumas alusões em relação ao
aumento e, para que não transite em julgado, é bom que esclareçamos que o que o
Sr. Prefeito está fazendo não é dar aumento, está apenas cumprindo com o mínimo
que a Lei Complementar exige, que é 1,25 do salário mínimo. Como o salário
mínimo foi aumentando em vista da inflação de maio, O Sr. Prefeito se viu
obrigado a aumentar os funcionários. Eu faço este registro em seu discurso,
para que não se fique imaginando que o Prefeito está dando aumento de 20%, o
que não é verdade.
O SR. CAIO LUSTOSA: Precisamente, Ver. Hermes Dutra
e a razão de minha vinda aqui é para, mais uma vez, como tenho feito tantas
vezes, ressaltar este fato, para não se dizer que os Vereadores exercem aqui
apenas um papel retórico, de ficção, sem estarem e cientes e conscientes de que
realmente as coisas não vão bem, pelo contrário, vão muito mal pelo lado dos
assalariados. Faço estas observações, não dirigidas ao Prefeito Municipal,
especificamente, mas a tos aqueles que tem uma parcela na condução da política nacional de
salários. Vai aqui, em primeiro lugar, e o faço sem qualquer restrição, e com
mais veemência, até, às autoridades federais da Nova República, que não é
aquela com quem os compromissados com as mudanças deste País sonhavam. Vê-se
nitidamente que está em curso neste País o modelo configurado pregado pelo FMI
com uma diferença: enquanto o Sr. Delfim Neto abria às escâncaras as portas do
Palácio para que eles entrassem pela frente, hoje se o faz à socapa,
sorrateiramente. Aí estão as manchetes mostrando que hoje ou amanhã chegará
mais uma embaixada do Fundo Monetário Internacional para ver se o arrocho está
sendo conduzido com o torniquete que eles impingem as nossas autoridades
fazendárias. Não tenho dúvida de que, apesar e toda negativa do Ministro
Bresser Pereira, está-se palmilhando as orientações do FMI que é de restringir
os investimentos públicos, espezinhar o funcionalismo em todos os níveis, e
abrir as portas para o capital internacional na sua voracidade. Vê-se até que
um Deputado Constituinte acaba de apresentar projeto exterminando com o
monopólio nacional do petróleo, que custou a mim e a muitos da minha geração,
que aqui estão presentes, dias e noites de lutas a correr das forças da
repressão, e que agora, dentro de um projeto diabólico de empreguismo o mais
safado possível, tenta ser ressuscitado.
O Sr. Jorge Goularte: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Caio Lustosa cumprimento V.Exa. pelo modo
crítico com que faz essas observações, pois é muito positivo para a postura de
V.Exa., e que eu respeito há alguns anos nesta Casa. Parece-me que o Partido de
V.Exa. está criando, através de suas lideranças e não de bases, uma imposição
em termos de Constituinte que vai levar este País a uma situação a qual nós não
podemos nem ter uma previsão do que pode acontecer com o futuro de nossa Pátria
se ficar entregue a essas figuras senis, que já não raciocinam mais e que
deveriam cuidar de rosas e dos bisnetos.
O SR. CAIO LUSTOSA: Ver. Jorge Goularte, apesar
de tudo, eu ainda acredito que dentro não só do meu Partido, mas de outras
agremiações partidárias, através de lideranças novas e comprometidas como essas
que ainda existem, possa-se reformular a condução dessas políticas, que num
velho estilo do personagem do leopardo, dizem que mudam, mas não mudam coisa
nenhuma. E é nesse esforço que está instalado lá dentro da Constituinte, em que
os grupos comprometidos com as mudanças, com um avanço no processo social,
inclusive, na área dos salários. É na esperança de que realmente este passo
avance e se concretize, é que nós ainda temos ânimo e coragem para vir discutir
questões como essa: da defasagem, da exploração salarial que vivem os nossos
patrícios.
O Sr. Clóvis Brum: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Caio Lustosa, V.Exa. recebe, neste momento,
a total solidariedade da Liderança do PMDB ao pronunciamento que faz nesta
Casa, e fala em nome da Bancada. São verdades que precisam ser ditas, num
debate democrático aberto e transparente. Se é para beber da água da
democracia, pois começamos nós, dentro de casa, a beber desta água. V.Exa.
sabe, em nome do PMDB, portanto, todas as críticas, toda a linha de
posicionamento assumida no discurso de V.Exa. reflete com exatidão o
posicionamento do PMDB.
O SR. CAIO LUSTOSA: Agradeço o aparte e V.Exa.,
a deferência de V.Exa. em assegurando que este pensamento também é dos demais
desta Bancada.
Acho, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que a questão da inflação
galopante, a exploração terrível por que passam os consumidores, os
assalariados deste País, com mais uma proposta muito bem engendrada dentro dos
gabinetes, mas que não tem, uma vez mais, o respaldo da discussão dos
Sindicatos, das Associações das grandes comunidades populares. Esta solução, ao
que tudo indica, mais uma vez, e aí estão as pesquisas a mostrar, de que mais
de 50, senão 60%, dos brasileiros estão descrentes de que vá dar certo a nova
proposta da tecnocracia nacional.
Acho, então, que é preciso que se aprofunde a discussão com as
interrogações que se fazem necessárias quando, por exemplo, se vota um projeto
deste tipo, como, por exemplo, quando se analisa uma questão que estaria a
defasar o governo o meu Partido no Estado, que é a questão do Magistério, que
já deixou de ser uma questão salarial para ser uma questão de honra de uma
categoria que tem um único crime, que é o crime de saber-se organizar, de saber
adquirir uma consciência política firme, conquistar os seus direitos a duras
penas com mocinhas, velhas professoras, velhos magistrados, velhos titulares do
Magistério a se mobilizarem em cansativas e intermináveis assembléias no
Gigantinho ou seja lá onde for, para buscarem o quê? Dois e meio salários
mínimos. E um Partido como o meu, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que forjou o
seu eleitorado, os seus votos em cima de propostas claras, e reconquista de
poderes condignos para a massa assalariada não pode fincar pé, num carrancismo
como este que eu vi, infelizmente, se instalar no início do Governo Pedro
Simon, de negar 2,5 salários mínimos para o Magistério do Rio Grande, quando no
Rio já se pleiteia 5 salários mínimos.
Então, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu acho que ainda que não
fazendo uma análise e uma discussão específica para esta questão do Projeto
que, aliás, nem merece maiores discussões, nós devemos aprofundar a reflexão
desta Câmara e de todas as Bancadas, ainda mais quando nesta tarde mesmo vai-se
aprovar um reajuste para o Sr. Prefeito Municipal e para o Vice-Prefeito
Municipal em torno e quase 100 mil cruzados. Quantia que eu acho que o Titular
do Executivo está a merecer, mas que diante dos olhos daqueles 70% de
porto-alegrenses que ganham até dois salários mínimos, chega a parecer quase
que uma afronta deste Legislativo, pela disparidade, pela defasagem, sim,
gritante e que parece que os detentores de uma parcela de poder, a nível de
Município, encaram com tranqüilidade, quando achamos que é preciso insistir-se
em colocações como esta, deixando de lado a estreiteza, muitas vezes, das
siglas e da grei partidária, para meditar, sim, sobre a situação de penúria do
assalariado, seja do setor público como dos setores privados.
Assim é que, concluindo, pedimos a aprovação do presente Projeto. Mas,
mais do que isso, solicitamos a reflexão e o compromisso desta Casa como os
novos para a política salarial deste País, que há e ser de repúdio ao arrocho
imposto pelos agentes internacionais que, infelizmente, dominam este Terceiro
Mundo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFEDLT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
embora com alguma dificuldade de me manifestar, devido ao resfriado, não
quero-me furtar de discutir os Processos 1322 e 1332, que fazem uma
atualização, prevista no Estatuto, de 20% aos vencimentos do funcionalismo
público municipal.
Por um questão de coerência, e na mesma linha de pensamento do Ver.
Caio Lustosa, não posso deixar de registrar, de um lado, uma certa contradição
que fica evidente no envio destes Projetos, na medida em que há menos de um mês
S.Exa. o Prefeito jurava por todos os santos que não tinha dinheiro suficiente
par conceder ampliação salarial, então, sim, o aumento do piso salarial para
dois mínimos. Essa posição motivou todo o movimento grevista. Um mês após,
S.Exa., num passe de mágica - positiva -, arranja 20% para todo mundo e cumpre,
assim a legislação, que é o Estatuto o Funcionalismo Público Municipal,
retroagindo, portanto. Neste sentido acho que houve uma contradição, aquilo que
nós da oposição enunciávamos, que o Prefeito Alceu Collares não dava o aumento
solicitado pelos municipários, porque não queria, não porque parecesse difícil
na Fazenda Pública Municipal.
Agora, de outro lado, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acho que se
deve reconhecer, de parte do Prefeito Alceu Collares, um comportamento positivo
e de exceção. O Prefeito Collares vem cumprindo a lei e vem respeitando, sem
argüir inconstitucionalidade, quanto à vinculação entre o piso básico do
funcionalismo público municipal e sua vinculação com o salário mínimo regional.
Se comparamos o comportamento o Prefeito de Porto Alegre com o
comportamento dos Senhores Governadores de vários Estados, inclusive, o do Rio
Grande do Sul, evidentemente, é de se respeitar e é de se aplaudir ao Sr.
Prefeito de Porto Alegre. Temos que dizer isto por uma questão de coerência,
por uma questão de justiça e por uma questão de respeito. Podemos discordar de
uma série de coisas do Prefeito Alceu Collares, mas não podemos deixar de
reconhecer este mérito da sua Administração. Ele está cumprindo e segurou,
inteligentemente, politicamente, tudo bem! Mas a verdade é que ganha mal o
funcionalismo público, embora não tenha um salário condizente com a situação
brasileira, não deixou de ter repassados, até o momento, os gatilhos que por
lei deveriam ser repassados. Gostaria de deixar este registro no meu
pronunciamento.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Concordo com V.Exa. que realmente o Prefeito Collares
está sendo mais feliz do que, inclusive, o Governo do Estado. Desde o início
achei que a argüição de inconstitucionalidade, dessa vinculação no caso, dos
vencimentos do Magistério com o piso de dois salários mínimos e meio junto ao
Supremo Tribunal Federal, foi algo muito mal conduzido politicamente. Eu acho
que não é uma questão jurídica a questão salarial do Magistério, é uma a
questão sobretudo política. E sabendo-se o caráter bastante conservador do
Supremo Tribunal Federal, inclusive integrado por figuras, ainda que algumas de
respeito, mas altamente comprometidos com políticas conservadoras, senão
reacionárias, é sabido que uma administração que se diz de renovação, de
mudanças, encaminhar uma questão dessas para um tribunal e raízes nitidamente
conservadoras é algo que eu jamais a admiti e fiz ver isso, inclusive, dentro
do nosso Partido. E eu concordo perfeitamente com a colocação que V.Exa. está
fazendo.
O Sr. Getúlio Brizolla: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria de agradecer este aparte do Ver. Antonio,
uma pessoa que tocou e que eu acho que até o povo sente. Não é por ser do
Prefeito Alceu de Deus Collares, mas ele está assumindo um compromisso de
trabalho, de honestidade igual ao de V.Exa. Eu fico grato pela colocação de
V.Exa. e felicito-o por este grande pronunciamento.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Ver. Getúlio Brizolla, sou
grato pelo aparte de V.Exa. e espero que V.Exa. me aplauda no próximo discurso,
quando eu vou discordar do aumento do Prefeito. Vou esperar que V.Exa. me
aplauda também naquele momento.
Mas, em relação a esses dois Processos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
ainda que não se esteja eventualmente fazendo o total de repasses de todos os
gatilhos, no momento em que a maioria, digo a Vereadores e provavelmente
Prefeitos de Capitais, talvez até enfrentando problemas reais na sua
Administração, não conseguem cumprir com a sua obrigação desses repasses,
transformando o funcionário público num marginal entre os marginais, porque, se
o trabalhador brasileiro já está marginalizado, do processo econômico
financeiro, o funcionário público federal, estadual e municipal fica
marginalizado entre os marginais. O Prefeito de Porto Alegre cumpre muito
poucamente, mas cumpre com alguma coisa mínima que, pelo menos, garante aquele
mínimo da lei que ali está escrito. Por outro lado, acho que este episódio
marca de outro lado o acerto que as Lideranças da Casa fizeram ao intermediar o
movimento grevista dos municipários, na busca de um diálogo entre o Prefeito e
os funcionários públicos. Embora alguns certos Secretários ou uma certa
Secretária, bem conhecida, tentasse botar fogo no circo, tentasse inviabilizar
o diálogo. Mas me parece que o Prefeito manteve o bom senso, pelo menos na
segunda tentativa, e chegamos a um final daquele movimento que possibilita
atitudes como esta do Prefeito Collares e, por isso, faço questão de registrar
com respeito, porque acho que o Prefeito mostra, com esta posição, o respeito e
uma coerência mínima que se espera de um governante e sobretudo de um
governante socialista do PDT. Então, é neste sentido e, embora registrando,
como fazia o Ver. Caio Lustosa, que esta atualização não é um aumento, ela não
cobre a taxa inflacionária do período. Mas, de qualquer maneira, me parece ser
um gesto positivo da Administração do Dr. Collares e que eu, como membro de
oposição, faço questão de registrar no plenário, neste momento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Kenny
Braga.
O SR. KENNY BRAGA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Posso ter cometido, ao longo e minha vida, muitos pecados, mas
jamais cometi o pecado da omissão, diante das questões mais sérias e
espinhosas. No momento em que se discute o aumento dos funcionários públicos
municipais, eu gostaria de colocar uma coisa que não vem sendo colocada e que
me parece a maior importância. Uma administração não pode viver única e
exclusivamente para pagar salários de funcionários, nem em Porto Alegre e nem
em outra capital brasileira. Uma administração tem um compromisso global com a
população da cidade e não apenas com o universo pequeno dos seus funcionários. É
provável que muitos Vereadores de oposição, que falam com tanta facilidade a
respeito de todos os assuntos, porque não têm a responsabilidade de resolver
nenhum problema da Administração, é provável que eles gostassem que todo o
Orçamento municipal fosse empregado no pagamento do funcionalismo público. Se
isto acontecesse, nós estaríamos diante de um absurdo. A administração
socialista, a administração trabalhista de Porto Alegre tem compromissos
sérios, firmes, definitivos, com as populações carentes da periferia da
Capital. E se ela atendendo até mesmo a certos apelos e estímulos demagógicos,
puramente demagógicos, se rendesse a estes apelos e concedesse o aumento além
da sua capacidade, estaria cometendo uma grave irresponsabilidade.
Nós precisamos discutir claramente estes assuntos sem o medo da crítica e sem o medo do patrulhamento. Não tenho medo da crítica e nem medo do patrulhamento. Acho inconcebível que uma Administração trabalhe única e exclusivamente para pagar funcionários, não em Porto Alegre, mas em qualquer outro lugar do Brasil. Então, o Prefeito Alceu Collares concede o aumento possível, o aumento viável, porque ele não tem o dom da magia, ele não é mágico, ele não pode multiplicar recursos da noite para o dia. No entanto, eu sou obrigado a ouvir discursos que insistem na mesma tecla e não oferecem nenhuma alternativa a não ser a crítica pela crítica. Acho que a Administração de Porto Alegre está cumprindo rigorosamente com as suas obrigações, está atendendo a Lei, como ressaltou o Ver. Antonio Hohlfeldt aqui, apesar de ser um oposicionista permanente, o Ver. Antonio Hohlfeldt, ele é uma pessoa inteligente e não poderia, de forma alguma, fazer afirmações que não correspondem à verdade, pois ele reconhece o espírito legalista da administração municipal, exatamente o contrário do que ocorre a nível estadual.
Então, eu quero dizer que este não é o melhor dos aumentos, esta talvez não seja a reparação que o funcionalismo precisa, eu também concordo com isto. Mas existe outra verdade, que também deve ser dita: uma Administração não pode trabalhar unicamente para pagar funcionários, e é preciso que as pessoas tenham coragem de discutir isto e dizer isto da tribuna. Eu poderia chegar aqui, falar demagogicamente, e conseguir o aplauso fácil, como se faz seguidamente nesta Casa, só que não estaria sendo coerente comigo mesmo, nem estaria seguindo os ditames da minha consciência. A administração tem uma responsabilidade maior para com a população desta Cidade e ela não pode se inviabilizar tocada por este euforismo salarial, que só existe na ótica do Ver. Antonio, sem nenhum compromisso com a Administração e que sobe à tribuna apenas para fazer demagogia.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu quero lhe dizer que, no fundamental, té concordo
com V.Exa., mas o que eu acho triste é a contradição no comportamento das
Bancadas do PDT, no âmbito estadual e no âmbito municipal. Não tenho nenhuma
procuração para defender o Governo Pedro Simon e nem sou do PMDB, mas vejo que,
na Bancada do PDT, há discursos em relação ao aumento do funcionalismo público
estadual e do Magistério muito parecidos com este discurso que V.Exa. critica.
É apenas o registro que eu gostaria de fazer.
O SR. KENNY BRAGA: V.Exa. não está fazendo
justiça aos pronunciamentos que eu tive oportunidade de realizar nesta Casa, em
relação a este impasse terrível entre os professores, liderados pelo CPERS e o
Governo do Estado. Acho que é um impasse terrível, sob todos os aspectos,
porque pode levar à inviabilização de um ano letivo, trazendo problemas muito
sérios para milhares de crianças que, na verdade, não têm nada a ver com a
crise do Governo do Estado. E eu tenho me colocado muitas vezes aqui, de forma
coerente tenho dito que se o Governo do Estado não concedeu ainda o piso mínimo
exigido pelos professores é porque ele, que tem o controle dos números e das
finanças, não tem como arcar com esta responsabilidade. Acredito que nenhum
governante não proceda aumento quando esse aumento possa lhe trazer lucros eleitorais
muito grandes. Seria um absurdo, uma contradição, um atestado de estupidez
pública a um governante.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu falei em Deputados e mostrei a contradição do seu
discurso aqui com o discurso de colegas de V.Exa. na Assembléia. Vale o mesmo
para cá. É lamentável que se faça oposição quando se é meramente partido de
oposição e que se faça aplauso quando se é meramente partido de situação. Isso
é profundamente contraditório aqui e lá. Não estou dizendo que se estende a
todos.
O SR. KENNY BRAGA: É melhor pagar o possível,
o viável, do que atrasar o pagamento como tem ocorrido em outras capitais,
inclusive em administração do Partido dos Trabalhadores. Não demitir
funcionários, como aconteceu em Fortaleza, Administração do PT, que demitiu
mais de 2.500 funcionários numa única penada. Quero que se pague em Porto
Alegre o possível, o viável e que não se inviabilize a Administração. Estão
tentando inviabilizar a Administração? Pedem aumentos que não correspondem à
realidade fática da Administração Municipal? É preciso acabar de uma vez por
todas com esta demagogia aqui. O que poderia chegar aqui com uma proposta
irresponsável de se pagar o salário de 50 mil cruzados mensais a cada
funcionário público municipal, mas isto não corresponde à verdade e é uma
política pequena que não tem fundamento, e que não deveria ser política de
homens com responsabilidade.
O Sr. Getúlio Brizolla: V.Exa. permite um parte?
(Assentimento do orador.) V.Exa. deu uma aula em seu pronunciamento. Mostrou
que tem um Prefeito que usa a verdade, que é coerente e sadio, veio lá de Bagé,
não veio de muito longe, mas caminhou bastante, estudou bastante, aprendeu
bastante, para chegar aqui nesse vinte e dois nos e até nem digo mais o que
aconteceu, pois para conservar o Município, chegou para salvar tudo isso.
A Sra. Jussara Cony: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Kenny Braga, diversos Vereadores têm se
pronunciado nesta tribuna, V.Exa. inclusive e mais o pronunciamento do Ver.
Caio Lustosa, no nosso entendimento, deu exatamente o rumo direto e correto da
interferência direta do Fundo Monetário Internacional, do imperialismo na vida
do nosso País, aliado às forças conservadoras que, inclusive, desviam o processo
da Assembléia Nacional Constituinte. Destaca-se também o pronunciamento do Ver.
Werner Becker e nos parece que esta Casa tem, não apenas em relação ao Sr.
Prefeito Municipal, que já dissemos num encontro com o Prefeito que tivemos
aqui, também em relação ao Governo do Estado, de se somar. Haverá uma luta
maior que hoje nós temos que ter neste País pela própria soberania nacional.
Que se somem os Prefeitos, que se somem os Governadores à suspensão do
pagamento da dívida externa, e que se aplique este dinheiro que está indo ao
imperialismo, ao Fundo Monetário Internacional, para resolução dos graves
problemas sociais do nosso País, dentre os quais é o próprio arrocho salarial
em todos os trabalhadores, destacando-se, na nossa discussão, dos funcionários
públicos municipais, estaduais daqueles que ocupam cargos eleitos pelo povo, os
Prefeitos, os Governadores, os Vereadores brasileiros reunidos em Brasília, um
mil e quinhentos Vereadores, entre os quais nós, Vereadores desta Casa, lá
exatamente tiramos exatamente esta postura soberana. Parece-me que falta uma
postura política dos que detêm mandatos neste País, hoje, neste momento,
inclusive para pressionar o Governo da República que capitulou frente ao
imperialismo e frente às forças conservadoras.
O SR. KENNY BRAGA: Gostaria de dizer o
seguinte, Ver. Jussara Cony: eu acolho o aparte de V.Exa. com muita satisfação,
com muito agrado, porque V.Exa. sabe das minhas posturas e minha posição de
luta intransigente contra o imperialismo norte-americano, contra as multinacionais
e as transnacionais, que ao contrário do que se diz, do que se apregoa na
Imprensa, só trazem a infelicidade para o nosso povo, que não colabora em nada
para o nosso País. Então, V.Exa. trouxe uma contribuição preciosa ao meu
pronunciamento. E acho que esta é a postura correta. Tivemos, recentemente, a
notícia da postura digna do Presidente peruano, que estancou os dólares para o
exterior, dizendo que só pagava 10% do produto nacional bruto peruano para a
dívida externa. Mas esta é uma atitude corajosa. Existe independência, existe
responsabilidade. Agora, quero dizer nesta Casa, e talvez pela centésima vez,
que este País é governado pelo PMDB. O PMDB não pode fugir a sua
responsabilidade de partido absolutamente majoritário no Congresso Nacional. E
se o PMDB ainda não encaminhou soluções para estes problemas, é problema do
PMDB, porque, aliás, este País clama há mais de 20 anos pela consecução de
reformas de base. E o povo brasileiro, certamente, votou no PMDB, na certeza de
uma melhoria.
Nós poderíamos ter as transformações que o povo brasileiro exige.
Poderia citar vários oposicionistas do Rio Grande do Sul que têm uma postura
diferente agora, que estão no poder, junto com o poder e fazendo a política do
poder.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V.Exa. é bastante lúcido para saber que tanto o PMDB
como o próprio Partido de V.Exa., o PDT, tem setores progressistas, setores
menos ou mais conservadores, setores moderados, mas como é próprio de grandes
partidos que são frentes, desses partidos tradicionais, nos quais não só o meu
está incluído, mas o de V.Exa. também. E o que se nota - e os analistas
políticos já fizeram inclusive mapas demonstrando isto, que o setor
progressista empenhado com mudanças, dentro do PMDB, é o setor minoritário, aí
eu concordo com V.Exa. E o setor que está prevalecendo dentro do Governo
Federal e dando todas estas diretrizes que nós combatemos é o setor
majoritário, inclusive com aderência de última hora ao PMDB. O próprio Presidente
Sarney não tem compromisso nenhum com o PMDB. Ele apenas vestiu a camiseta como
velha raposa do poder e está lá. Ele não tem compromisso nenhum com o programa
e com as lutas do PMDB. Nem ele e muito menos alguns dos Ministros que estão
lá.
Então, é forçar muito a análise V.Exa. querer dizer que o PMDB
majoritariamente detém o poder. Não detém. Eu não vejo por aí. Eu acho que uma
análise mais certa mostra que realmente existe um setor conservador que
inclusive vem da antiga ARENA, do antigo PDS, que está incrustado dentro do
Governo atual.
O SR. KENNY BRAGA: Vereadores, eu tenho
respeito pela sua biografia de homem público honesto, de homem público
respeitável. Agora acho, Ver. Caio Lustosa, que V.Exa. não se sente a gosto
dentro do PMDB e seguidamente tem demonstrado da tribuna a sua desconformidade
com a vida política nacional ditada pelo PMDB. Então, espero, Ver. Caio
Lustosa, que este constrangimento aumente, se torne insuportável e que V.Exa.
acabe saindo do PMDB, para marcar justamente um protesto de uma atitude forte
que seria abandonar a legenda do PMDB.
O Sr. Caio Lustosa: Ver. Kenny Braga, V.Exa.
também não deve-se sentir muito à vontade dentro do PDT, quando ladeia com
latifundiários reconhecidos deste Estado, principalmente, que vestem a camiseta
do PDT. Acho que V.Exa. não se sente muita à vontade nesta companhia. Estamos
em “las mismas condiciones.”
O SR. KENNY BRAGA: Mas esta é a corrente
minoritária do PDT, Ver. Caio Lustosa. Acorrente majoritária é comprometida com
as transformações sociais.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu acho que V.Exa. merece um grande reconhecimento
pelo trabalho que está efetivando. Agora, eu não aceito quando qualquer um dos
33 Vereadores vem atrapalhar com mentira.
O Sr. Ennio Terra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Discordo do Ver. Werner Becker, porque discordamos da
Bancada do PDT quando ela quer dar parecer sobre a bancada municipal de Porto
Alegre. Os Vereadores do PDT, muitas vezes, lamentam a situação do Governador
Pedro Simon, porque sabem da dificuldade em que se encontra. Inclusive, o
Prefeito Collares sugeriu que ele decretasse estado de calamidade pública, a
fim de ver se o governo federal nos ajude. Portanto, é inevitável o
pronunciamento do Ver. Werner Becker.
A Sra. Jussara Cony: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Como ex-integrante do PMDB, que saiu no momento exato
em que entendia da necessidade de estar coerente com a prática política e o
discurso. A nós interessa destacar a atuação dentro do PMDB, até porque
convivemos muito tempo juntos, tínhamos o respaldo de um Vereador como Caio
Lustosa. Nesse sentido, entendemos que o papel do Ver. Caio Lustosa, dentro do
PMDB, é decisivo para que os setores progressistas do PMDB, junto com os o PSB,
PC do B, PCB, e PT, e setores de seus partido, em unidade de ação, avancem para
unidade popular e, realmente, possam realizar transformações sociais. É nesse
sentido que achamos importante, por exemplo, quando discutimos, tão logo
promulgada a Assembléia Nacional Constituinte, que se convoquem eleições para
Presidente, proposta levada por esta Vereadora a Brasília, assim como tenhamos,
não a discussão em termos de um nome, mas, sim, a discussão em termos de um
programa de governo que una os setores progressistas e democráticos deste País.
A essa discussão estamos chamando o PDT.
O SR. KENNY BRAGA: O Prefeito Alceu Collares
está concedendo o aumento possível. Ele ainda não descobriu a fórmula de
multiplicar recursos. Se pudesse conceder um aumento maior, teia concedido,
pois ele tem muita sensibilidade social e sabe das dificuldades do povo. Só não
aumenta mais porque os recursos não permitem. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz
Braz): Com
a palavra, o Ver. Pedro Ruas.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, até por uma questão de justiça, gostaria de cumprimentar o Ver.
Kenny Braga por seu pronunciamento brilhante, quando nos antecedeu na tribuna.
Gostaria de enfatizar de nossa parte, Ver. Kenny Braga, além dos
aspectos salientados por V.Exa., que dentro daquilo que se convencionou chamar
de visão política, seria um verdadeiro absurdo que qualquer governante, eleito
pelo povo, comprometido com algum partido e que queira, neste partido, ter
respaldo popular, não conceda aumento quando pode conceder. É inadmissível tal
situação. E qualquer crítica que venha por esse lado é uma crítica equivocada,
na medida que vai fugir, totalmente, da realidade, e pelo menos agredir a
inteligência de qualquer pessoa medianamente informada com relação a recursos
de administrações públicas neste estágio atual do País.
Significa, de outro lado, que a questão colocada pela Verª Jussara Cony
é da maior relevância. A união das forças progressistas e populares deste País,
em torno de um programa mínimo comum de reformas onde se inclui,
prioritariamente, o fim do pagamento dos juros da dívida externa deste País,
causa maior do arrocho salarial - digo dos juros porque são eles que estão
sendo pagos, a dívida não está - causa maior do arrocho salarial neste País,
causa maior da opressão do nosso povo, há mais de 20 anos, causa maior da
miséria, das crianças analfabetas, da falta de comida, e dos maiores problemas
do País, hoje.
Agora, chamo a atenção dos Srs. Vereadores para o fato de que quem se
iludiu com o Sr. José Sarney na Presidência, o fez porque quis, porque o Sr.
José Sarney já se conhece na política nacional há mais de 30 nos. Se conhece a
liderança dele contra as “Diretas Já” em 1984. Se conhece os posicionamentos
dele a favor dos grupos multinacionais neste País, se conhece a política de
coronelismo estabelecida no Estado do Maranhão há mais de trinta anos, digo
mais, muito mais, começando com seu pai há quase cinqüenta anos atrás. Quem se
iludiu, o fez porque quis. Não aceito, portanto, o argumento de que agora deu
para ver quem é José Sarney e que, agora, é a hora de fazer a crítica e hora de
não aceitar o que foi determinado pelo Presidente da República e por suas
intenções que teriam, de alguma forma, causado decepções em setores progressistas
da sociedade brasileira. Esta ingenuidade não se admite em política.
De outro lado, Srs. Vereadores, é de salientar a importância dos
pronunciamentos dos Vereadores de oposição nesta Casa em relação ao Projeto que
ora estamos examinando. Sem dúvida nenhuma, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é
com muita alegria que se verifica que a câmara Municipal de Vereadores de Porto
Alegre tem como mandatários nesta Casa, Vereadores, representantes populares,
que aplaudem determinadas medidas que devem se aplaudidas e que têm a coragem e
a hombridade de colocarem em tal situação da tribuna publicamente. Falo
especificamente dos Vereadores que não são do PDT, na medida em que seus
compromissos partidários eventualmente poderiam lhes criar constrangimento e
problemas ao analisar uma medida meritória e salientar os méritos de tal
medida. Por fim, é importante que seja lembrado que setores progressistas de
cada partido, em especial do PMDB, jamais deixaram de ter o reconhecimento
deste Vereador, como também tenho certeza que do Ver. Kenny Braga e de outros
Vereadores do PDT. Agora determinados fatos têm que ser salientados e
esclarecidos à opinião pública, como é o caso, por exemplo, de um episódio
referido hoje pela manhã pelo Ver. Artur Zanella, na reunião dos Vereadores que
estiveram em Brasília, da reportagem e fotografias publicadas no jornal “O
Globo” de sábado, onde aparecem, num agradável convescote, na mesma fotografia,
rindo, o Sr. Israel, ex-Prefeito charguista do Rio de Janeiro, Sr. Roberto
Campos, Sr. Luiz Henrique, Deputado do PMDB, Líder, entre aspas, progressista.
Senador Fernando Henrique Cardoso e Sr. Henry Kissinger que, segundo disse,
veio ao Brasil para uma palestra sobre administração de materiais, onde não
chegou a comparecer. Ao que consta, Sr. Henry Kissinger não compareceu até
momento ao Congresso Nacional e à residência do Presidente José Sarney, a
palestra sobre administração de materiais, ao que consta, foi adiada “sine
die”, na medida em que Sr. Henry Kissinger disse que teria outros assuntos mais
importantes a tratar. Certamente, se encaixaria melhor em outros dizeres e com
outros acompanhantes na festa que foi no sábado. Porém, os acompanhantes do Sr.
Henry Kissinger eram o Senador Fernando Henrique Cardoso, e o Deputado Luiz
Henrique, Líder de alas progressistas do PMDB. Esses fatos precisam ser
salientados sempre que possível à opinião pública para a análise devida, quando
mais tarde tivermos que analisar as conseqüências desse tipo de encontro em
nosso País, no momento em que se desenvolve talvez, a situação mais importante
dos últimos anos, como a elaboração da nova Carta Magna d Brasil. É esse
momento que nós estamos e aí se vêem fotografias e reportagem de jornal que
trazem talvez início da descoberta do tipo de escândalo que está promovendo a
Constituinte a ser elaborada agora em Brasília. Objetivos bons para o povo
brasileiro e que, certamente, não tem em mente o Sr. Henry Kissinger. Agora, o
encontro, o convescote com o Sen.
Fernando Henrique Cardoso e com o Dep. Luiz Henrique nos deixa a pensar. Para
onde, Ver. Caio Lustosa e digo especificamente o nome de V.Exa. na medida em
que é um dos parlamentares, um dos homens públicos que mais respeito nesta
Cidade e neste Estado e por quem mais tenho admiração, para onde estão indo as
lideranças ditas progressistas do Partido de V.Exa.? Para onde estão indo e que
conchavos fazendo? Que tipos de encontros estão realizando? V.Exa., Ver. Caio
Lustosa, não tem, e digo isso com profunda convicção, não tem qualquer
obrigação de responder tal tipo de pergunta na medida em que certamente não foi
consultado para este tipo de encontro. Agora, é importante que este tipo de
situação seja analisada, até porque a responsabilidade do Governo Federal
continua nas mãos do PMDB.
O SR. PRESIDENTE: V.Exa. passa a falar no
tempo do Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. PEDRO RUAS: Eu agradeço ao Ver. Isaac
Ainhorn.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Pedro Ruas, acho que V.Exa. está concluindo
apressadamente ao achar que pelo simples fato de os Senadores Fernando
Henrique, Luiz Henrique e outros estarem em reunião com representantes do
capitalismo internacional, por dedução de V.Exa., forçosamente eles estarão se
submetendo aos seus ditames. Acho que é uma conclusão apressada.
O SR. PEDRO RUAS: Eu fiz um alerta, Vereador.
O Sr. Caio Lustosa: E mesmo porque eu não
acredito. O passado de lutas de todos estes Parlamentares do PMDB não nos
credencia deduzir algo assim como V.Exa. está a desconfiar.
É elementar que as Lideranças possam falhar, inclusive relegar as suas
bandeiras, as suas idéias, mas o importante é que as bases populares, estas
sabem para onde nos conduz a história. Eu acho que Lideranças, assim como
V.Exa., podem e devem estar colocando estes alertas. Os Partidos têm que se
reunir e discutir isto internamente, dentro da pobreza ideológica, às vezes da
miséria de posições programáticas e de idéias dentro dos partidos nacionais,
justamente em decorrência de todo um processo de autoritarismo em que vivemos.
Não há nenhum partido, principalmente os grandes partidos, que não tenha estes
problemas de contradições de grupos mais moderados, ou menos moderados,
comprometidos ou não com o capital estrangeiro. Os grandes partidos, nós
sabemos bem, e isto ocorreu até no grande partido revolucionário russo, que
tinha “n” alas, desde a extrema direita, até a extrema esquerda.
A SRA. BERNADETE VIDAL
(Questão de Ordem): Apesar de achar muito salutar este debate da Casa, o assunto agrada,
eu gostaria de solicitar que as discussões se ativessem ao assunto em Pauta,
como manda o Regimento Interno, ou seja, ao Projeto de aumento do
funcionalismo.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa reconhece a
procedência de sua Questão de Ordem e pede aos Vereadores que cumpram a Ordem
do Dia, no entanto, o Plenário, em sua soberania, majoritariamente, traça seu
próprio caminho.
O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Dentro da resposta do Sr. Presidente à Verª Bernadete
Vidal, apenas me congratulo com seu pronunciamento deixando de fazer
comentários ulteriores porquanto arranharia em certo sentido o Regimento
Interno, embora sociologicamente eu poderia e dentro da ginástica mental feita
por V.Exa. eu mostraria que têm relação os assuntos que V.Exa. estão falando
com o Projeto em Pauta. Sou grato e o cumprimento, que na tribuna defende e
sustenta os argumentos apresentados e subscritos pela Mesa Diretora.
A Sra. Jussara Cony: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Alinho-me àqueles setores que entendem que a questão
do Município de Porto Alegre, o arrocho salarial imposto pelo FMI aos
trabalhadores brasileiros, como um todo, tem tudo a ver com ser pronunciamento
e outros feitos nesta Casa. Não somos uma ilha isolada do que acontece hoje em
nosso País, uma crise econômica, política e institucional, nem estamos isolados
da intervenção que V.Exa. caracteriza muito bem com a presença de Henry
Kissinger em nosso País - a intervenção direta do imperialismo e do FMI
arrochando o salário do trabalhador brasileiro e levando à própria capitulação
de um Governo que se dizia comprometido com os interesses populares e com as
mudanças no nosso País. Entendemos que o exemplo concreto trazido por V.Exa.,
como todo o seu pronunciamento, caminha aos setores democráticos e
progressistas que têm que forjar a unidade popular nas praças para fazer
avançar as mudanças que passam por um salário digno a todo trabalhador.
O Sr. Luiz Braz: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O arrocho salarial tem muito a ver com essas áreas
comentadas por V.Exa., só que o Projeto em si tem a ver com o Plano Bresser.
Apenas é o disparo do último gatilho. A discussão se prende em cima disso.
Concordo com V.Exa. com referência a arrocho salarial, interferência de áreas
internacionais sobre a política salarial brasileira, só não concordo que o
assunto que estamos discutindo hoje tenha a ver com os problemas.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Pedro Ruas, chão é chão e terra é terra,
evidente que tudo isso é verdade e está tudo interrelacionado, mas há assuntos
específicos que ditam a ordem municipal e que poderiam ser melhor investigados
e melhor analisados. Acho que neste episódio do aumento do funcionalismo, o Sr.
Prefeito não pode ter nenhuma queixa dos partidos de oposição que tudo fizeram
para intermediar uma solução razoável, talvez, no arroubo retórico do Ver.
Kenny Braga, ao contrário, a oposição entendeu as dificuldades do Prefeito
Alceu Collares. Mas eu quero lembrar o último pronunciamento do Dr. Leonel Brizola,
referindo-se à ditadura econômico-financeira dos bancos e do capital financeiro
e eu tenho dito aqui e tenho dito em reunião e fundamentalmente para a
Secretária das Finanças, o elenco de tributos que podem ser cobrados por
prestação de serviços dos bancos em Porto Alegre pode ser bastante ampliado e
não sei por que temor, não sei por que reverência ao menos esse estudo não foi
feito mais aproximadamente e nem se debateu aqui especificamente, com a Câmara
de Vereadores. Quero dizer a V.Exa. que embora compreendendo as razões do seu
Prefeito, se houver um pouco de coragem em Porto Alegre para enfrentar o
capital financeiro aqui instalado através do ISSQN, a burra do Município pode
ser engordada. Peço a V.Exa. que seja porta-voz do Executivo desta afirmação
minha, aqui.
O SR. PEDRO RUAS: Agradeço o aparte e
concluo.
O Sr. Werner Becker: Gostaria de uma resposta à
questão específica.
O SR. PEDRO RUAS: Meus cumprimentos ao Ver.
Isaac Ainhorn, e devolverei, na medida do possível. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira
discutir, passamos o processo de votação.
Votaram os Vereadores: Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Ignácio Neis, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Werner Becker, Nilton Comin, Flávio Coulon, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Pedro Ruas, Auro Campani, Kenny Braga.
APROVADO o PLE n° 35/87, por 27 votos SIM e 02 votos NÃO.
Foram escrutinadores os Vereadores Jorge Goularte e Auro Campani.
PROC. 1332 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 44/87 da MESA, que reajusta os
vencimentos dos funcionários da Câmara de Porto Alegre e dá outras
providências.
APROVADO o PLL n° 44/87, por 30
votos SIM..
Foram escrutinadores os Vereadores Jorge Goularte e Auro Campani.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO - URGÊNCIA
PROC. 1354 - PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO N° 02/87, da MESA, que corrige o subsídio e a verba de representação
do Prefeito Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. Para
discutir, o Ver. Caio Lustosa.
O SR. CAIO LUSTOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, é brevíssima a nossa intervenção. Ao discutir este Processo, nós já
alertávamos para o fato de que a Câmara ao mesmo tempo em que repõe em níveis
inferiores ao da própria inflação os vencimentos do funcionalismo municipal tem
que, logo em seguida, votar isto que se denomina uma correção do subsídio da
verba de representação do Sr. Prefeito Municipal. Somos daqueles que acham que
a responsabilidade de um cargo de Prefeito de uma capital como Porto Alegre
exige uma remuneração condigna, dada a complexidade das tarefas do cargo.
Agora, este Decreto, em sua exposição, não informa à Casa - e se trata de uma
correção do subsídio à verba de representação - alguns dados que, a nosso ver,
são o mínimo que a opinião quer saber. Em primeiro lugar: quanto está
recebendo, atualmente, o Sr. Prefeito. Em segundo lugar: quando foi o último
reajuste, para aí, então, auferirmos qual o percentual que será atribuído ao
Prefeito. Um dado que também nos parece importante são as razões de fato para
confrontar esses números. A primeira vista não acho exorbitante, exorbitante é
a miséria em que está o restante do funcionalismo. Aí pode ficar constrangedor
para a Câmara e revoltante para o funcionalismo, de vez que estamos majorando o
Prefeito, uma hipótese, em 200-300% e o funcionalismo ficar dentro daquela
majoração ínfima, como a que votamos ainda há pouco. Então, não é propriamente
uma repulsa ao presente Projeto, mas achamos que deveria ficar esclarecido este
aspecto da data do último reajuste do Prefeito, do montante do percentual e das
razões que fundamentaram o Decreto Legislativo que a Mesa está apresentando.
Talvez o Sr. Presidente, com sua intervenção, talvez, e os outros integrantes
das outras Bancadas, poderão nos elucidar a respeito. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray):
Próximo inscrito, Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores. Antes de iniciar dou o aparte o Exmo. Sr. Presidente da Casa,
Brochado da Rocha.
O Sr. Brochado da Rocha: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Chamado a debate pelo Ver. Caio Lustosa declaro em
primeiro lugar que a redação dada a S. Exa. pegou muito bem, ou seja, corrige
eventualmente porque no decorrer desses tempos, que eu não saberia precisar,
não houve reajuste do Sr. Prefeito. Estava-se corrigindo o que não se havia
feito. Em segundo lugar, digo à Mesa e à Câmara, de outra parte digo a V.Exa.,
que antes de colocar o presente projeto ao Ver. Caio Lustosa, da Bancada do Ver.
Lauro Hagemann, de maneira que esses dados todos foram devidamente encaminhados
nestes termos e com esta formulação, e que ele preenche efetivamente o que está
a inquirir o Ver. Caio Lustosa, ou seja, os percentuais obtidos no Município de
Porto Alegre.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Obrigado, Ver. Brochado da
Rocha, apenas para que não passe em julgado, eu gostaria apenas de deixar claro
que esta Liderança não foi consultada, Sr. Presidente. Esta Liderança, a
Liderança do Partido dos Trabalhadores não foi consultada e não formou opinião
a respeito. Gostaria, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, por outro lado, de
trazer à atenção da opinião pública o cálculo que eu fiz: o subsídio atual o
Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, o oficial é e Cz$ 12.657,90, segundo
informação da Assessoria da Casa, e a verba de representação do Sr. Prefeito é
de Cz$ 10.710,40 o que perfazem, e o Ver. Kenny Braga anteriormente me
confirmava esses números, Cz$ 23.368,30. O Ver. Caio Lustosa que me antecipou e
eu próprio aqui, em outro momento, já havia abordado a discordância desses
valores de salário do Sr. Prefeito Municipal. Eu não tenho dúvidas e não tenho
nenhum problema em reconhecer que esse valores são absolutamente absurdos,
ridículos para ressarcir o trabalho de um Prefeito Municipal, e não fosse já a
figura reconhecida do Prefeito Alceu Collares, com todas as discordâncias da
exacerbada oposição, como diz o Ver. Kenny Braga, que nós fazemos ao Prefeito
Collares na verdade, ficaria uma incógnita muito grande, como Prefeito sobrevive
com isso, já que tem uma série de responsabilidades e funções a desempenhar,
apesar de sabermos da “vaquinha” dos Secretários que subsidiam o salário do
Prefeito, apesar de sabermos que tem, evidentemente, outro ganho, mercê da sua
vida profissional e pública anterior, e que não tem nada a ver com o cargo de
Prefeito. Quer dizer, ganhos particulares do Sr. Prefeito, são ganhos que a ele
pertencem, e que nada têm a ver com a função e Prefeito nesta Cidade.
O que me chama a atenção, no entanto, são duas questões. A primeira,
diria que, e sobre essa queria centrar a minha atenção, é a infelicidade da
oportunidade. Acho que se nós tivéssemos apresentado esta proposta, há um mês
atrás, não correríamos, em hipótese alguma, risco de chocar a opinião pública.
Mas, no momento em que se decreta, por bem ou por mal, para o acerto ou para um
erro maior, o congelamento de preços e salários por três meses, acho que é
incongruente aceitarmos aumentos, repasses, seja que nomes se queira dar a
verbas que sejam dadas a representantes públicos, sejam eles dos Legislativos
ou dos Executivos, sejam eles Prefeitos, Governadores, Deputados, Vereadores,
Senadores, Deputados Federais ou até mesmo Presidente da República.
Ando indisposto, desde a semana passada, com um companheiro do meu
Partido, Deputado Estadual, exatamente por discordar da posição adotada pelos
companheiros do PT, ao que parece, pelo que foi informado, através dos meios de
comunicação, que fizeram repasse, que atualizaram as verbas chamadas de
comunicação para a Assembléia Legislativa, para cada um dos 55 Srs. Deputados
Estaduais. Acho que esta atualização é profundamente infeliz, é profundamente
inoportuna, e não será, porque eventual companheiro de Bancada, lá na
Assembléia, deu o seu voto positivo, que eu me calarei, por esta tentativa de
coerência, independentemente do mérito do Projeto, sobre o qual não discuto -
quero deixar bem claro - porque acho que em algum momento nós tínhamos que
corrigir a injustiça, mas por uma questão de coerência. Acho inoportuna esta
correção neste momento. Registrei, meses atrás, o respeito com que encarei a
decisão do Prefeito Alceu Collares de não utilizar a Lei da Assembléia
Legislativa - depois julgada inconstitucional - que permitia um aumento que
teria elevado, aliás a valores até superiores a este, o salário do Prefeito
Alceu Collares.
O Prefeito Alceu Collares sensível, inteligentemente, coibiu a si
próprio deste aumento e preferiu, o que para muitos talvez tenha sido a opção e
humilhação, receber a “vaquinha” dos Srs. Secretários, mas recebeu e aceitou
esta proposta até com humor, dentro do estilo do Dr. Alceu Collares e vem
sobrevivendo de tal forma.
Então, quero deixar claro, Sr. Presidente, que esta minha observação
não é de crítica à Mesa, em hipótese alguma, vamos deixar isto bem claro, não é
de crítica ao Sr. Prefeito Municipal que não pediu, diga-se de passagem, o que
está ganhando, e acho até que dentro do processo normal, merece.
Mas entendo que o momento é inoportuno, então este é o meu primeiro
registro.
Ver. Paulo Sant’Ana, com todo o prazer concedo é o meu primeiro
registro.
O Sr. Paulo Sant’Ana: Sou grato. Tiramos do
pronunciamento de V.Exa. as seguintes conclusões: V.Exa. entende que o Prefeito
ganhava pouco e que esta quantia não é demasiada, assim como o Ver. Caio
Lustosa também entende. No entanto V.Exa. acha que em razão do congelamento,
ela não deveria ser reajustada. Eu queria lembrar a V.Exa., não com o intuito
de restrição ao pronunciamento de V.Exa., mas no de esclarecimento, que é da
natureza do congelamento o reajuste de salário, tanto que, veja V.Exa., o
Governo Federal garantiu o reajuste de salário de todos os trabalhadores
brasileiros no mês de junho. Não só o reajuste de salário é da natureza do
congelamento, corrigir-se a defasagem, como também o aumento dos preços é uma
característica do congelamento, tanto que todas as taxas de serviços públicos
foram aumentadas, com o Decreto do Congelamento.
V.Exa. conclui que esta não é a oportunidade, eu diria a V.Exa., dentro
deste meu raciocínio, de que esta é a real e legítima oportunidade. Sou grato a
V.Exa.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Ver. Paulo Sant’Ana, V.Exa.
sabe o respeito que eu tenho por V.Exa. Inclusive reconheço a seriedade com que
V.Exa. trata a coisa pública, sobretudo a questão da verba pública. V.Exa. faz
uma reflexão perfeita, com a qual concordo, não tento uma coerência, porque se
pensarmos na nossa realidade, a partir do que vivemos nesta Casa, V.Exa. tem
razão no seu discurso, e votarei a favor, porque visto desta Casa esta é a
reflexão correta. Agora, nós somos eleitos pela população, e a perspectiva da
população não é esta nossa. Gostaria que fosse, mas não é, e nós sabemos. À
nossa revelia, se recoloca 20% de salário, o último gatilho, como a zerar o que
se deve ao trabalhador com aquilo que aumentou de preço, quando se sabe que os
20% foi uma defasagem fantástica sobre os salários no que tange à correção dos
preços mínimos.
Vejo, Ver. Paulo Sant’Ana, até para avançar no seu raciocínio,
admitiria, que se propusesse 20% de aumento para o Prefeito Alceu Collares, não
diria que com isso estamos corrigindo a defasagem do salário do Prefeito, como
não corrigimos a defasagem do salário do funcionalismo de um modo geral.
O SR. KENNY BRAGA (Questão
de Ordem):
Peço um esclarecimento à Casa, e por extensão, à opinião pública de Porto
alegre. Quero saber se o Prefeito Collares teve algum aumento após a sua posse
como Prefeito de Porto Alegre?
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
O Ver. Hermes Dutra inscreve-se e cede seu tempo ao Ver. Antonio Hohlfeldt,
para que continue seu discurso, já que o seu tempo se esgotou.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
A Questão de Ordem levantada pelo Ver. Kenny Braga é procedente e tem um
significado especialíssimo para a discussão do Projeto. Passei a me preocupar,
pois entendi, no momento em que a Mesa encaminhou o Projeto de Resolução para
debate, que o Prefeito não teria recebido nenhum aumento desde a sua posse.
Gostaria de ouvir da Mesa esta informação, que tranqüiliza não só o Ver. Caio
Lustosa, como toda a Casa. Então, a partir desta informação da Mesa, nós
podemos até participar da linha de raciocínio do debate do Ver. Antonio
Hohlfeldt.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa não respondeu ao
Ver. Kenny Braga, porque regimentalmente não poderia responder, mas aqui, no
Plenário, sente-se à vontade para tal. Pede escusas ao Vereador e pede escusas
por mais uma vez...
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Quero trazer à discussão,
sem nenhum preconceito a este problema.
O SR. PRESDENTE: Quero dizer a V.Exa. e ao
Plenário que efetivamente não houve aumento em todo esse tempo. O aumento
havido pela Câmara Municipal foi cancelado. Não houve aumento no tempo do
mandato do Sr. Prefeito Alceu Collares. É esta a afirmação.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Muito obrigado, Vereador,
sinto-me honrado por V.Exa. registrar isto no conteúdo do meu pronunciamento e
peço a Sra. Presidente Teresinha Irigaray, que registre o meu tempo porque eu
não gostaria de prejudicar os demais companheiros. Contando então, com a
informação do Ver. Brochado da Rocha, o aumento que se propôs ao Sr. Prefeito
se divide em duas partes. A correção do subsídio que passa dos 12 mil para 34
mil e é portanto uma correção de 27. A correção da verba de representação que
passa dos 10 mil para 59 mil, corresponde a uma correção de 55,25%. A correção
média vai ficar em 40,29%. Então, aqui a minha primeira pergunta. O
funcionalismo teve neste ano, teoricamente, uma correção em torno e 77%,
indiscriminadamente, do padrão mais baixo para o padrão alto, aí considerados,
já, os 20% que acabamos de votar. O Sr. Prefeito teoricamente, recebe 40,29%. E
um dos objetivos, Ver. Kenny Braga, Ver. Paulo Sant’Ana não é uma grande
correção. Eu repito, não tenho nenhum problema em colocar isto. Agora, chama-me
a atenção, e abusaria, até, da paciência do Sr. Presidente da Casa, para
entender porque fez um aumento de 55%
na verba de representação e apenas de 27%, a metade de 55%, nos subsídios
propriamente dito. Será para evitar o Imposto de Renda? Será para facilitar a
prestação de contas? Enfim, qual foi o argumento que a Mesa Diretora da Casa
encontrou para ampliar em 55,25% a verba de representação do Sr. Prefeito e
ampliar pela metade, apenas, em 27%, o subsídio? É uma indagação que eu faço à
Mesa através do Sr. Presidente. Porque, realmente, aí me preocupa, a opção
feita. Esta opção deve ter, realmente, uma explicação clara para todos nós que
vamos votar.
Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a minha colocação, aqui, no
Plenário, ela visa estes dois pontos; de um lado estranhar e pedir informações sobre
o fato de se ter ampliada a verba de representação em dobro em relação ao
subsídio propriamente dito; em segundo lugar, considerar respeitosamente, é a
minha posição pessoal, inoportuna esta correção neste momento, porque entendo
que, embora, na reflexão do Ver. Paulo Sant’Ana, eu concorde da nossa
perspectiva, quero enfatizar, acho difícil que o público lá fora concorde com
esta perspectiva no momento em que os seus salários são congelados por baixo e
o pico dos preços é aquilo que serve de parâmetro para a correção dos preços
das mercadorias. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur
Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, serei breve, porque, hoje, nós temos que votar o Projeto de Lei que
concede o Título de Cidadão de Porto Alegre ao empresário Marcos Rachewsky.
Serei breve, para que todos nós possamos resgatar com aquela figura tudo aquilo
que deve Porto Alegre ao nosso amigo. Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
só queria deixar, hoje, registrado que, durante muitos anos, eu participei do
Poder Executivo e sempre levei, aqui neste Plenário e em outros lugares, a
pecha de estar ganhando demais. E, quando fui para Secretário de Estado, a
mesma coisa era dita: que os Secretários ganhavam demais.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu preciso fazer uma correção lamentável no meu
discurso e peço a sua ajuda. A minha matemática falhou: eu vinha falando em
27%, 55%... Infelizmente, errei uma vírgula. É 276%, 552%, com o aumento médio
de 402%. Os Vereadores Lauro e Caio me chamaram a atenção e eu faço questão de
corrigir o meu erro e até reforçar o questionamento que trouxe a Plenário.
O SR. ARTUR ZANELLA: Mas eu dizia que, hoje, eu
fico um pouco mais tranqüilo e satisfeito, porque há, nos Anais desta Casa,
diversas manifestações, inclusive da Bancada do PDT, de que os Prefeitos
anteriores, de que os Secretários anteriores ganhavam demais e que não mereciam
aquilo. Então, eu fico contente que hoje seja o contrário a ocorrer. Quando
saía um aumento para nós, diziam que éramos cheios de mordomias, usávamos
carros, tínhamos direitos a selos. Hoje, estamos resgatando que aqueles
Prefeitos não ganhavam demais, os Secretários não ganhavam demais. No Governo
do Estado, agora, diz-se que é ridículo um Secretário ganhar 27 mil, pois eu
também perdia 70% do meu salário em relação ao que eu poderia ganhar sendo
Vereador. Hoje fico satisfeito, vou votar a favor do aumento do Sr. Prefeito de
500 e tantos por cento, mas também peço, por favor que as coisas sejam bem
divididas: quando forem tratar de salário dos Vereadores lembrem-se de que os
Vereadores não têm direito à automóvel, não têm direito a selos, não têm
direito a telefone, não têm direito a passagem, a não ser casos especialíssimos
nem dispõe de 30, 40 Cargos em Comissão e que são duas coisas diferentes. Fico
tranqüilo porque tudo aquilo de que fui acusado durante 9 anos em que fui
Secretário Municipal, ou um ano como Secretário de Estado, acho que é hora e se
fazer justiça também a todos aqueles que foram Secretários.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Estamos fazendo escola nesta Casa. Nós não mudamos,
outros sim.
O Sr. Paulo Sant’Ana: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Durante todo tempo em que V.Exa. foi Secretário eu
fui Vereador e as votações de vencimento dos Prefeitos e Secretários eram
mansas e pacíficas, com algumas restrições. Hoje, elas ainda existem no
Plenário. Nada mudou. Havia restrições que sobrevivem hoje, mas eram mansas e
pacíficas as votações.
O Sr. Werner Becker:
V.Exa. permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, é que o plural é muito
perigoso, quero dizer a V.Exa., e estão aí
os Anais, se interessa a V.Exa., que no tempo em que V.Exa. era
Secretário, que o PDS estava no Governo e que o Prefeito era o Sr. João Dib,
votei todos os aumentos abertamente, sem nenhuma restrição e até a Mesa,
naquele tempo, não tinha se dado conta de preceito do Regimento Interno de que
esse aumento deve ser votado secretamente por tratar-se de funcionário público.
Então, pediria a V.Exa., não quero entrar em debate, mas não me inclua entre
aqueles que mudaram de posição, porque expressamente está nos Anais que não
mudei.
O SR. ARTUR ZANELLA: Eu ando lendo muito os
Anais e lembro uma vez de um Projeto de Lei em que o aumento foi e 100% para os
funcionários e 105% para os Secretários pelo arredondamento e lembro também,
que o Ver. Elói Guimarães, por exemplo, hoje no Executivo e Ver. Nei Lima, que
diziam tudo que era possível e impossível para dizer que aquilo era um acinte.
O Sr. Werner Becker: Eu diria, que, no mínimo,
V.Exa. não lembra do meu nome.
O SR. ARTUR ZANELLA: Não de V.Exa. não, primeiro
lembrei de alguns e lembrei-me também destes dois. Mas, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, acho que o aumento é justo. Eu considero e vou repetir novamente,
pela a experiência que tive no Executivo: é muito melhor - e eu não vou
aprofundar isso aí - um político ganhar menos do Executivo do que ganhar, entre
aspas, mais como dizem que o Vereador ganha e não ganha no Poder Legislativo.
Este é meu voto favorável, mas, sempre lembrando que o que aqui se faz,
aqui se paga. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Anuncio a presença entre
nós do Edil uruguaio Rodolfo Rosso, de Montevidéu, que está fazendo parte a
Mesa e que saúdo, neste momento, e que está acompanhando os nossos debates.
A seguir, passo a palavra ao Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, já abordei este tema na tribuna, mas volto a abordá-lo dentro da
linha abordada pelo Ver. Caio Lustosa. Realmente, Sr. Presidente, uma série de
dúvidas aqui levantadas teriam sido perfeitamente sanadas se o Processo tivesse
sido instruído com todos os dados que nós estamos, de uma certa maneira,
reclamando. Sei que algumas indagações que tive, que diziam respeito, por
exemplo, à possibilidade do congelamento agora para aceitar este tipo de
processo.
Mas houve consulta ao Tribunal de Contas, e o Tribunal de Contas
tranqüilizou a Mesa desta Casa em relação a isto. Então, a minha contribuição
seria no sentido de que esses dados, no futuro, constassem neste tipo de
projeto, justamente para que os tipos de dúvidas colocadas aqui, o tipo de dúvida
que nasce no Vereador que vai abordar este tipo de tema, ficasse perfeitamente
esclarecido dentro do Processo e evitaríamos uma série de discussões.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa, permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Dentro esse surrealismo em que o Brasil vive, hoje,
estou chagando à conclusão de que o congelamento não congela, ele se
autocongelou, e portanto é livre o aumento das estruturas, pelo menos em
relação aos Prefeitos. No sentido dos funcionários, congela.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) É que para contornar este problema todo, não queria
entrar em mais considerações. Se dá a seguinte interpretação jurídica: matéria
e vencimentos de funcionários, quer da ordem estadual, municipal, é autonomia
do Estado e do Município e, portanto, congelamento só e para trabalhador a
empresa privada. Estou dizendo que é esta a interpretação que dão. E se V.Exa.
for mais adiante, este pacote é um até institucional econômico, porque o artigo
15, inciso 2°, diz isto e apenas isto e nada a mais do que isto. Sempre que o
Ministro da Fazenda entender que o preço pode ser aumentado e descongelado, ele
poderá fazer. Quer dizer: art. 1º - os preços estão congelados. Art.15: até
quando o Ministro da Fazenda quiser.
Quer dizer, a partir daí, como dizia o Tim Maia, liberou total.
O SR. FLÁVIO COULON: É, agora consegui entender
a dúvida e o surrealismo do Ver. Werner Becker. Realmente, Vereador, já
colocamos aqui da tribuna, este Plano Bresser é uma barbaridade. Ele só congela
exatamente, o salário do pobre, do operário, daquele que mais precisa que o seu
salário não seja congelado.
Ele não congela de 23 para 95, não. Ele congela de 1.900, o salário
mínimo.
O Sr. Paulo Sant’Ana: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu queria entrar no debate para lançar um detalhe
técnico. O congelamento salarial não houve, na medida em que a 1° de julho
todos os trabalhadores terão um reajuste. O congelamento salarial é uma medida
que não impede o aumento salarial. Qualquer patrão está liberado para dar
aumento aos seus empregados. No entanto, o congelamento dá o direito ao patrão
de não aumentar. Sou grato.
O SR. FLÁVIO COULON: Sou grato, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, para não criar problemas do ponto de vista jurídico e formal
com o Sr. Prefeito, acrescento que há um artigo da Lei Orgânica que diz que
votação de aumento de funcionário público deve ser secreta. Quero-me remeter à
jurisprudência do STF, inclusive, entendendo que Deputado Estadual, para as
questões paralelas, é funcionário público. Por prudência, permississíma
“venia”, aconselharia V.Exa. a proceder à votação secreta. É consoante
inclusive com a jurisprudência.
O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência julgava
que o fato deveria ser guardado com simetria. No entanto, orientado pelos
órgãos da Casa, assim se verificou ser a melhor atitude. Para dirimir a
questão, foi consultado o Ver. Caio Lustosa, Presidente da CJR, para o qual
novamente se solicita orientação. Em última análise, a Mesa até poderia ser
julgada suspeita, pois é Projeto da Mesa. Assim, ouvimos o Sr. Caio Lustosa.
O SR. CAIO LUSTOSA (Questão
de Ordem):
Segundo a doutrina há essa diferença, como também tem razão o Ver. Werner
Becker quando se refere às decisões recentes dos tribunais considerando que os
parlamentares e Prefeitos, para efeitos de vantagens, equiparamos aos
funcionários públicos propriamente dito. Assim, a Casa e os Vereadores
decidirão.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa defere ao Plenário a
decisão. Os Senhores Vereadores que desejam votação secreta, levantem-se. A
Mesa repete, quem quer votação secreta, levante-se, quem não deseja permaneça
como está.
Peço que o Sr. Secretário faça a contagem.
Dezoito votos por votação simbólica e 11 votos por votação secreta.
Passa-se à votação simbólica.
Peço que fique registrado a pedido do Ver. Werner Becker que ele deseja
votação secreta.
Há um Requerimento o Ver. Pedro Ruas, pedindo votação nominal. Os que o
aprovam permaneçam sentados (Pausa.) APROVADO
o Requerimento do Ver. Pedro Ruas.
Resultado da Votação: votos SIM
(27) Vereadores: Adão Eliseu, Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal,
Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Hermes Dutra,
Ignácio Neis, Jaques Machado, Jorge Goularte, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano
José, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Werner
Becker, Nilton Comin, Flávio Coulon, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Pedro
Ruas, Auro Campani, Kenny Braga. Votos NÃO
(3) Vereadores: Antonio Hohlfeldt, Jussara Cony, e Caio Lustosa.
APROVADO o PDL n° 02/87.
Declaração de Voto dos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Jussara Cony, e
Caio Lustosa. (Lê.)
“Votamos contrário ao Projeto pela inoportunidade e pelos percentuais
que assumem.”
RENOVAÇÃO DE VOTAÇÃO
PROC. 2773/86 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N°
95/86, da
Ver.ª Teresinha Irigaray, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto
Alegre ao conhecido Empresário e Comerciante Marcos Rachewsky.
Pareceres
- da CJR. Rel. Ver. Kenny Braga: pela
aprovação;
- da CEC. Relatora, Ver.ª Bernadete Vidal:
pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLL nº 95/86.
(Pausa.) (Após a chamada.) Resultado da Votação: votaram os Vereadores: Adão
Eliseu, Hermes Dutra, Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Brochado da
Rocha, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico
Barbosa, Ignácio Neis, Jorge Goularte, Jussara Cony, Jaques Machado, Luiz Braz,
Mano José, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Werner
Becker, Nilton Comin, Flávio Coulon, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Pedro
Ruas, Auro Campani, Kenny Braga. APROVADO
o Projeto por 25 votos SIM e 04
votos NÃO.
Foram escrutinadores os Vereadores Jorge Goularte e Kenny Braga.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 0386 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 08/87, que declara de utilidade de
pública a UNIÃO GAÚCHA DE CRIADORES DE RÃS-UGCR.
Pareceres
- a CJR. Relator, Ver. Ignácio Neis: pela
aprovação;
- da CEDECON. Rel. Ver. Jaques Machado: pela
aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Artur
Zanella, para discutir o PLE n° 08/87.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Ao votar “sim” esta proposição, queria somente comunicar a análise
prévia do Dr. Miguel Hamann Pinheiro, auditor, dizendo que, para que uma
entidade seja considerada de utilidade pública, ela deveria atender às
necessidades de toda a população. E queria dizer, neste momento, respeitando
este Parecer prévio, que me parece equivocado, pois que o interesse público não
precisa ser de toda a população, e sim de um segmento da população. Queria
explicar ao Ver. Paulo Sant’Ana que o processo do Projeto não tem nada a ver
com o Sr. Marinho Rã, e sim é um Projeto que atende um número muito grande de
interessados e merece o nosso voto favorável. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz
Braz): Não
havendo mais oradores inscritos para discussão, passa-se aos encaminhamentos.
Pediria ao Sr. 2° Secretário que faça a verificação de “quorum”.
(O Sr. 2° Secretário efetua a chamada.)
O SR. 2° SECRETÁRIO: Há “quorum”, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Não havendo quem queira
discutir, passa-se ao encaminhamento. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que aprovam o PLE n° 08/87 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 0463 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 11/87, que declara de utilidade
pública a Fundação Irmão José Otão.
Pareceres
- a CJR. Relator, Ver. Ignácio Neis: pela
aprovação;
- da CEC. Relator, Ver. Flávio Coulon: pela
aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLE n° 11/87 (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos aos
Requerimentos.
(Obs.: Foram aprovados e
deferidos os Requerimentos constantes na Ata.)
Com a palavra, para
encaminhar, o Ver. Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, mais um
profissional de Porto Alegre teve sua vida ceifada e deixa a sua família numa
situação difícil. Um modesto motorista de táxi, que ganhava sua vida
trabalhando à noite, foi assassinado na noite de ontem, em Porto alegre. É
preciso que algo seja feito para a segurança não só os profissionais do volante
como em relação à população que está insegura, porque o crime vem aumentando
assustadoramente, em todos os Estados, e Porto Alegre não fica fora dessa
situação.
No enterro do profissional citado, falando com o Presidente do
Sindicato - os Srs. Colares e João - tentávamos alinhavar idéias para diminuir
a incidência desses assassinatos. Este Vereador, há dez anos, vem tentando uma
solução, que se não é a melhor, é, pelo menos, possível. Trata-se do sistema de
identificação do passageiro no período noturno. Feita a identificação, junto às
entidades que trabalham à noite, delegacias, quartéis, hospitais, farmácias,
que teriam, como lá tem durante a noite inteira guardas, a possibilidade de,
junto com a Segurança Pública, com convênio, além de terem a segurança para o
seu estabelecimento, identificarem o passageiro no período noturno, onde
constaria o número do táxi, o horário, o nome do passageiro, a carteira de
identidade e o destino.
Costumo dizer que a pessoa identidade não mata ninguém.
Por outro lado, só esta lei sendo posta em prática, este projeto, esta
idéia, sendo posta em prática - lei não, porque não posso fazer lei nesse
sentido - já irá inibir os assassinos que têm medo de identificação. Nos
intervalos entre os postos sugeri uma luz intermitente, que seria acionada em
lugar que apenas o motorista saiba, e que não seja perceptível internamente, ou
seja, em cima do veículo.
São sugestões possíveis, que se não são as melhores trago à discussão,
para que encontrem outras melhores, que possam ter ainda mais segurança para o
motorista.
É uma sugestão que não é repressiva, o motorista que tem,
habitualmente, o seu passageiro, não precisa identificá-lo. Ele só vai fazer
identificação daquele elemento que ele está suspeitando, que é desconhecido na
sua área de atuação.
É uma sugestão, uma tentativa, que estou levando ao meu colega de aula,
o Sr. Waldir Walter, Secretário de Segurança Pública, para que seja estudado, e
implantado em Porto Alegre esse sistema que sai barato, pois apenas se usa o
que se tem, as delegacias, os quartéis, os hospitais, e as entidades que
trabalham à noite.
Com ampla divulgação desses postos, teríamos a possibilidade de inibir,
repito, os assassinos, porque eles teriam receio de serem identificados, já que
são sempre elementos com vida pregressa e fichados pela polícia.
Então, diante de mais uma morte desse motorista, Pedro Rui Borges
Miranda, se volta, novamente, a pensar nas possibilidades que se teria para a
segurança dos motoristas. Falou-se nas cabines, novamente, é algo muito caro e
o motorista tem poucas condições de pagar, por outro lado, não é uma segurança
total porque o passageiro pode furar os pneus do carro ao sair e deixar esse
motorista encurralado em sua cabine. Não seria a solução. Então, me parece que,
a identificação, no período noturno, seria algo, no sentido e diminuir, não vai
se querer eliminar totalmente esses assassinatos bárbaros, mas, era uma
tentativa. Sr. Presidente, eu já estou passando da hora, mas eu acho muito
importante que Porto Alegre tenha a preocupação de tentar alguma solução para
diminuir os assassinatos dos profissionais da noite em Porto Alegre, das
pessoas que trabalham especialmente ao volante, dos motoristas de praça
indefesos que são assassinados por parcos dinheiro, por poucas moedas, às
vezes, que os coitados têm. Foi pensado também em criar-se uma espécie de cofre
fechado a chave, que o dinheiro ficasse ali dentro, que se divulgasse, que
seria menos possível o roubo. Eu acho que isso não daria certo. Mas, acredito
na minha idéia, a de identificação do passageiro no período noturno, e eu vou
reapresentá-la ao Sr. Secretário de Segurança Pública, coisa que venho fazendo
há quase dez anos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIENTE: Com a palavra, o Sr. Werner
Becker para encaminhar.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, embora ao final da hora, eu penso que o assunto é extremamente
importante e eu encampo o Voto de Pesar, preocupado com a segurança desse
contingente que oferece esse trabalho, à luz e todos os riscos, à luz da
cobertura de qualquer risco, eu queria, não só me solidarizar com o
pronunciamento do Ver. Jorge Goularte, mas dar mais algumas sugestões, pois
hoje me manifestaram a revolta, vários colegas da vítima. E eu disse que a
solução absoluta, total, não existe. Mas eles informaram que a Secretaria de
Segurança tem posto óbice em dar porte de arma aos motoristas de táxi e até os
revista, quando os encontra armados. Eu acho que seria o caso de uma indicação
à Secretaria de Segurança de que aquele motorista que tivesse identificado pela
Secretaria Municipal de Transportes que automaticamente tivesse o direito do
porte e arma. Ele se justifica que possua o porte de arma. Segundo, é que
através de legislação ou através de portaria da Secretária de Transportes, para
que não haja constrangimento do motorista, que o motorista tenha direito. Que
venha uma resolução e que a partir do anoitecer que o táxi utilize um banco ao
lado o motorista, quando for individual a tomada do táxi, seja obrigatório que
o passageiro sente ao lado do motorista, dificultando em muito a ação. Estou
seriamente preocupado, não trouxe o Voto de Pesar, pretendia apresentar uma
indicação, mas já vou levantando este problema, para que o Plenário já vá
pensando: primeiro, concessão automática do porte de arma ao motorista e,
segundo, que a Secretaria determine, par evitar constrangimento ao motorista
que, no caso de viajar individualmente, viaje ao lado, porque assim dificulta,
é que o motorista preocupado com a sua segurança, permita que se ponha um banco
o lado. É uma das sugestões que me ocorrem, no meio de tantas, para minimizar o
problema que é grave e que sofre o motorista e as suas famílias. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não há “quorum”. Estão o
encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 18h15min.)
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